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Comunidades indígenas estão discutindo como vão desenvolver todas as terras demarcadas


Na abertura da Reunião Ampliada do Conselho Indígena de Roraima (CIR), na tarde de quinta-feira, a liderança indígena Jacir José de Souza disse que os índios precisam pensar e planejar o futuro com o objetivo de elaborar projetos destinados a desenvolver não só a Raposa Serra do Sol, mas todas as terras indígenas de Roraima.

“Primeiro a gente batia a cabeça sobre como a gente iria conseguir a demarcação das nossas terras. Agora precisamos nos organizar para desenvolver as terras que temos. Recebemos as terras destruídas pelos arrozeiros, por isso temos que pensar também como reconstruir isso e recuperar o meio ambiente”, afirmou Jacir de Souza.

Ele também foi enfático em afirmar que os índios não devem se abater pelas cobranças imediatas dos não-índios. Afirmou que os arrozeiros não demoraram somente dois ou três anos para desenvolver o plantio, então não se pode cobrar que os povos indígenas desenvolvem a produção em poucos anos. “Tudo precisa de muito planejamento”, frisou.

PROJETOS - O CIR discutiu, na tarde de ontem, projetos de desenvolvimento da agricultura com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai). Desde 2005 existem recursos na ordem de R$ 2,5 milhões destinados ao plantio de roça e ferramentas, mas a burocracia não permitiu que esse montante fosse aplicado, conforme observou o coordenador de Desenvolvimento Comunitário da Funai, Martinho Andrade, que já foi administrador regional do órgão em Roraima.

Esse grande projeto destinado a plantio e outros programas de auto-sustentação foi enviado pelo CIR antes de Martinho assumir a coordenação desse departamento, em Brasília. A Funai demorou dois anos para responder que havia recursos para o projeto e, quando começou a caminhar, um problema com a documentação do CIR impediu a formalização em 2007.

No ano seguinte, em 2008, chegou o período eleitoral, que impede qualquer liberação de recurso no período de julho a outubro, atrasando ainda mais a formalização do convênio. Encerrado esse período, em 14 novembro foi feita a transferência de recursos, mas a legislação que rege os processos licitatórios acabou empurrando a realização de pregões para o final de dezembro, quando também encerra o exercício dos órgãos públicos e o dinheiro que não foi aplicado retorna.

Segundo o administrador regional da Funai, Gonçalo Teixeira, mesmo assim a administração local conseguiu realizar pregões que totalizaram cerca de R$ 240 mil, o que permitiu promover algumas ações de auxílio às comunidades. Mesmo assim, boa parte desse recurso ainda não foi repassada à administração local outra vez por causa da burocracia.

Agora, para 2010, o CIR deverá reformular esse projeto, pois os índios analisaram que algumas propostas precisam ser repensadas devido à própria vocação produtiva de cada região, pois não adianta pensar plantar determinado produto numa região onde o clima não é propício, por exemplo. Esses projetos serão prioridades dos coordenadores regionais daqui para frente, conforme observou o coordenador-geral do CIR, Dionito José de Souza.

Martinho Andrade voltou na manhã de hoje para esclarecer bem essa questão do projeto que ficou pendente. Ele disse que para 2010 serão envidados todos os esforços para que esse convênio seja formalizado.

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