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Fé Televisionada

Muitas igrejas de Roraima estão investindo cada vezais em programas de televisão destinados ao público evangélico. É o ibope da fé!


Por V. Neto

Está na moda – muitas igrejas no nosso estado estão investindo cada vez mais em programas de televisão destinados ao público evangélico. É o ibope da fé!

Orações, motivações, salvações, exorcisações, tudo para agradar os telespectadores abençoados, e, claro, no comando de verdadeiros homens de Deus. Basta ligar a televisão a qualquer hora do dia ou da noite para conferir a pasta informe que essa gente é transformada.

Nenhuma usurpação foi tão brega, nem tão ostensivamente picareta e poderosa. Bispos, pastores, apóstolos. Uma legião de assombrações medievais passa o dia inteiro fazendo malabarismo na TV Macuxi. A má fé é tão explícita que chega – no mínimo – a constranger. Eu fico constrangido.

Tem um cara que faz alarde, ameaça e ordena você ir à igreja nas quartas feiras buscar a rosa da benção. Ai de você se não for. Ou é na base do amém, ou na base da porrada! Outro parece que está lidando com crianças do pré primário (metido a paizão), ele é todo delicadeza ao ensinar os telespectadores da fé a pagarem o dízimo pela intercessão do Senhor Jesus através de abençoados boletos bancários. No Código Penal brasileiro, isso tem nome: Estelionato.

Há também os que dissimulam ataques epiléticos, enrolam a língua e atribuem o “idioma” ao Espírito Santo. Só falam português, claro, na hora de informar o número da sagrada conta bancária e, como não bastasse, para nos humilhar, os apresentadores são todos bem vestidos, engravatados. Verdadeiros doutores do céu.

Todavia, senhores, nenhuma atração é mais viciante do que as simulações da vida real do “desingrejado”. Humildes produções com atores poucos/nada convincentes, mas com um grandioso objetivo: Mostrar como seria, possivelmente, uma vida alheia ao crentecismo. Tudo numa tentativa desesperada de aumentar o rebanho ou, tão somente, a arrecadação, pelo menos essa é a imagem que assistimos: “Podem falar diretamente com Deus, pois ainda somos protestantes. Entretanto, passe conosco à quartas e compre seu ingresso.”

O que falta? Propaganda Protestantista Obrigatória?

A banalização das igrejas, mesclada com a tecnologia e a cultura televisiva brasileira, transparece uma alusão à liberdade. Ilusão à toa. Numa sociedade ignorante como a nossa deu nisso: superobjetos para divulgação e venda do produto da fé, a igreja. E ao fechar este texto, me assalta a dúvida: estou sendo hipócrita e com inveja por minha igreja não ter um programa de TV? Será que sou apenas católico?

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