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EDITORIAL - Nada de choque elétrico!

Aborda as novas promessas de se construir hidroelétricas em Roraima


 

Por mais que se tente negar, há sim perigo iminente de blecaute em Roraima. Vive-se torcendo para que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, não sofra nenhuma mudança de humor. Afinal, ele manda e desmanda em seu país. Atropela a democracia como quem come bolinho. Em terras bolivarianas, ele é a própria lei.

Essa constatação por si só seria motivo para levar as autoridades roraimenses - sejam do Executivo ou do Legislativo - a pensar numa alternativa para a energia de Guri. Não é de agora que se fala na criação de uma nova matriz energética para o Estado, tendo como ponto de partida o aproveitamento do potencial hídrico.

Em meados dos anos 80 do século passado, no então território federal governador pelo economista Getúlio Cruz, acendeu-se a chama. A usina hidrelétrica seria construída no rio Mucajaí, na altura das cachoeiras do Paredão. O governador dava a obra como certa e prometia "um choque elétrico" naqueles que não acreditassem.

Tudo não passou de engodo. Enterrados lá - ou deveriam - ficaram nada menos que 5 milhões de dólares. Melhor, toda a dinheirama se esvaiu nas correntezas daquele caudaloso curso d\'água, restando ao governador do choque um eletrizante processo judicial no qual figura como o principal réu.

Agora, eis que ressurge - pela verve do senador petista Augusto Botelho - a proposta de se construir naquele mesmo local aquela que servirá de alternativa para a energia gerada hoje a partir do complexo de Macágua (Guri).

E, para não dizer que não houve alternativa a Paredão, volta-se a cogitar na construção da Hidrelétrica de Cotingo, também tão batida quanto. A idéia ainda é projeto em elaboração e tem a chancela do democrata Márcio Junqueira.

Não é demais lembrar que o Governo federal tem projeto para construir sete usinas geradoras de energia em terras guianenses. Por que não, então, voltar-se para o Brasil e viabilizar os dois projetos, simultaneamente, nos potenciais hídricos macuxis? 

Nossa torcida é pela construção, de fato, das duas usinas. Que não se resumam a promessas, nem sejam apenas novos factóides a exemplo das Áreas de Livre Comércio (ALCs) de Boa Vista e Bonfim, que até hoje não disseram a que vieram.

Torcemos para que o governo brasileiro entenda que se é para construir usinas, que o faça em terras brasileiras, e, de preferência, dentro do Estado de Roraima.

Alguém pode dizer que "forças ocultas" dificultariam o andamento dos projetos, especialmente, as questões indígena e ambiental. Mas o governador Ottomar Pinto fez uma (PCH de Jatapu) em pleno território wai-wai e está lá até hoje.

É hora de se tomar uma posição, de pôr a mão na massa. O que não dá é para se ficar vivendo de promessas, muito menos de ameaças de "choques elétricos".

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