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EDITORIAL - Uma mera rotina

As galeras voltaram a frequentar as páginas policiais roraimenses.


 
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As galeras (termo pejorativo usado para denominar crianças e adolescentes infratores agindo em bando) voltaram a frequentar as páginas policiais roraimenses.São assassinatos e achaques de toda sorte praticados contra pessoas inocentes, contra integrantes das coirmãs rivais (bairro contra bairro), verdadeiro terror em determinadas áreas da cidade, com ênfase para a periferia.

Enfim, em meio às galeras tem de tudo. Bom lembrar que o acirramento que hoje se vê é uma repetição do teatro dos horrores que imperava até oito, nove anos atrás. Histórico de violência capaz de formar um quadro que espanta a qualquer um.

Na noite de sexta-feira para sábado, um desses grupos atacou duas vítimas sob ameaça de retalhá-las a terçadadas, caso não se deixassem extorquir em seus pertences. Momentos depois, a Polícia Militar encontra o pelotão de infratores, e, com eles, dois terçados, uma bicicleta e um celular arrancados das vítimas.

Esses fatos, que se repetem com frequencia, denunciam de forma cabal a falta de políticas públicas voltadas para as crianças, adolescentes e jovens da Capital. Não nos cabe fazer juízo de valor, mas é de bom alvitre lembrar um período em que a Prefeitura de Boa Vista mantinha em pleno funcionamento programas voltados para essa faixa etária.

Entre eles, os Projetos Crescer e Meninos do Dedo Verde, que - sem trocadilho -, eram a menina dos olhos da ex-prefeita Teresa Jucá (2001-2006). Na atual gestão, funcionam com o pé no freio.

No auge, encerravam iniciativas que tinham como objetivo manter os menores de idade envolvidos com ocupações lúdicas, ações sociais, religiosas e até mesmo produtivas, capazes de lhes forjar o caráter, enquanto lhes permitiam a possibilidade de ajudar na formação da renda familiar, vez que todos recebiam determinada quantia a título de bolsa.

A quebra na continuidade de projetos de tal envergadura é, de todo, maléfica à administração, seja ela no âmbito federal, estadual e, principalmente, municipal. Além de lançar o país no atraso, gera monstros capazes de assombrar a sociedade. Isso, sem contar que pode sedimentar nos corações a máxima de que "tudo é assim mesmo", que "não tem mais jeito".

Quem entre nós se preocupa hoje com as dezenas de pessoas que morrem diariamente na guerra em terras iraquianas? A preocupação deste Fontebrasil é que a exacerbação da violência em nosso meio possa atingir esse nível de descaso, de desleixo mesmo.

A se perpetuar como natural a falta de políticas públicas que visem dar uma nova visão à questão, logo-logo estaremos mergulhados numa rotina pernóstica, onde o terror só nos fará acordar quando bater à nossa porta. Fora disso, tudo não passará de mera rotina.

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