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Crônica do Aroldo - PROPOSTA INDECENTE

Os tempos são outros e a eles nos adaptamos. Antigamente, um relacionamento afetivo e duradouro demandava meses - às vezes, anos - até se consolidar. Hoje, o corre-corre das pessoas dificulta os passos de outrora: apresentação, flerte, cortejo, dança, dança de rosto colado, namoro, noivado, casamento. Muitos são os meios usados para acelerar todo o processo de conquista.


 

Os tempos são outros e a eles nos adaptamos. Antigamente, um relacionamento afetivo e duradouro demandava meses - às vezes, anos - até se consolidar.  Hoje, o corre-corre das pessoas dificulta os passos de outrora: apresentação, flerte, cortejo, dança, dança de rosto colado, namoro, noivado, casamento.

Muitos são os meios usados para acelerar todo o processo de conquista. Os sítios de relacionamento da internet, por exemplo, são muito visitados na busca por parcerias que hoje nada têm de firmes ou de duradouras. Atualmente, trocam-se companheiros como se troca de roupa.

Apesar de tudo, o ser humano ainda sonha com casamento e família; as mulheres, então, são as mais preocupadas com o encosto.

Conheço algumas balzaquianas que freqüentam a rede internacional de comunicação em busca de noivos. Esta procura por um parceiro, entretanto, não se limita à internet; apela-se para tudo.

O casamento de João Adolfo foi pro espaço. Da divisão dos bens, restou-lhe uma ampla casa assobradada. A solidão dentro daquele imóvel incomodava o neo-solteiro que decidiu alugá-lo e viver num lugar menor e condizente com a sua nova condição. Depois de anunciar em meios apropriados, passou a receber visitas de candidatos a inquilino.

Numa quente tarde de sábado, surgiu uma loira bonita, bem vestida dentro de roupas finas e insinuantes. Muito cheirosa, a candidata visitava os cômodos do sobrado enquanto fazia perguntas pertinentes.

Ao saber que o valor do aluguel era R$3.500,00 mensais, ela propôs R$3.000,00. João, taxativo, disse-lhe não poder negociar, pois o padrão daquela casa, parcialmente mobiliada, estava, de fato, abaixo do preço de mercado.

Francismeire contra-argumentou sem êxito. Antes de sair, a visitante perdeu-se em conversas amenas e tentou reduzir o valor do aluguel. João mostrou-se determinado a não reduzi-lo.

No dia seguinte, João atendeu à porta e, surpreso, deparou-se com Francismeire ainda mais elegante e cheirosa do que na visita anterior. Logo após os cumprimentos, a mulher disparou:

- João, simpatizei com você e senti-lhe um homem sério e honesto. Gostei muito desta casa e, viúva que sou, quero morar neste sobrado. Vim fazer-lhe uma contraproposta no valor do aluguel: R$3.000,00 é tudo o que posso pagar.

João coçou a cabeça e rebateu:

- Francis, eu lhe disse que o aluguel seria R$3.500,00. Deste valor eu não posso tirar nem um centavo...

- João, eu sou uma mulher decidida e sei o que eu quero. Gostei muito de você e da sua casa... A proposta que vou fazer é irrecusável: pago R$3.000,00, desde que você faça parte da mobília. - E arrematou antes que João se refizesse do choque - Tem mais: embora não pareça, fique sabendo que eu sou cozinheira de mão cheia!

 

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