- 18 de julho de 2025
A democracia, se não é o modelo ideal, é o que mais se adapta aos anseios da sociedade. Nela, qualquer um pode dizer o que quiser, mesmo que o que diga não corresponda à cristalina verdade (a máxima de Voltaire).
É o caso do candidato do PT ao governo do estado de São Paulo, senador Aloísio Mercadante. Sabatinado pelo jornal O Estado de S. Paulo, ontem (22/08), Mercadante baixou a lenha no governo do PSDB, afirmando, entre outras inverdades, que o número de alunos da rede pública estadual havia decaído durante os últimos oito anos.
Mentira. Veja os números reais, apresentados pelo jornalista Reinaldo Azevedo em seu blog (www.reinaldoazevedo.com.br).
É a santa democracia que mantém todos sob o manto da soberana liberdade de expressão, permitindo que inverdades, as mais grotescas, sejam ditas livremente. Escute quem quiser. É sob esse extenso cobertor que age o candidato Romero, que um dia já foi Jucá, em busca de persuadir incautos e desavisados.
Com fala mansa, Romero se auto-vangloria. Quem lhe ouve falar, se não o conhecesse, pensaria mesmo tratar-se do salvador da pátria, do solucionador de todos os problemas que afligem havia muito este longínquo e esquecido estado.
Só para refrescar a memória, bom lembrar que Romero é o mesmo Jucá que não agüentou a pressão da grande mídia durante o período em que esteve ministro da Previdência. Aproveitou a deixa de que seria candidato a governador de Roraima para pedir exoneração e, assim, sair da linha de tiro. Naquela ocasião, a grande imprensa descobriu que ele havia dado como garantia de empréstimo no BASA de Boa Vista sete fazendas imaginárias. Terras e bois virtuais.
Romero disse em seu programa eleitoral na TV e rádio que, como governador, vai resolver todos os problemas de Roraima. Afinal, "todos sabem que tenho prestígio em Brasília". De fato. Todos sabem que desde o governo FhC (parece com PhD) que Romero é freqüentador assíduo da cozinha do presidente da República.
A pergunta é: por que então Romero não fez nada para impedir que o estado perdesse importantes nacos de sua extensão geográfica? Por que não defendeu parcela de terra da reserva Raposa Serra do Sol que poderia ser usada para a produção agrícola e o agronegócio, sem prejuízo para a população indígena roraimense?
Por que Romero, tão íntimo do Poder, não mexeu um dedinho sequer para ajudar os governos anteriores a resolver os problemas que mais afligem o estado, tal como a questão fundiária, que emperra o desenvolvimento?
E sua mulher, a ex-prefeita de Boa Vista Teresa (Jucá), que quer vaga no Senado? O que fez ela em defesa do estado quando a ordem do Planalto era podar as legítimas aspirações de Roraima como estado pujante da federação? Onde estava dona Teresa quando das manifestações populares contra a demarcação de Raposa Serra do Sol? Muitos poderão respoder: "Estava construindo bares pela cidade!". Talvez daí, o apelido, "Tetê Buteco" que corre pela periferia.
Romero e Teresa juntos no Senado, caso ele não se eleja governador, significará mais quatro anos de oposição cerrada ao governo do estado. O casal não vai permitir o tão esperado trabalho de parceria governo-senadores. O estado será "casa dividida", sem qualquer chance de emplacar o tão sonhado desenvolvimento.
Mas, até nisso a democracia é tábua de salvação. O eleitor é o senhor da história. Cabe a ele dizer se deseja esse cenário tosco ou novos - nem tão novos - tempos, pela frente. Viva a democracia!