- 18 de julho de 2025
A questão indígena de Roraima ainda sangra. Provocou muitos processos e revolta. Processos judiciais abertos pelos governos Neudo Campos e Ottomar Pinto contra o tipo de demarcação, e muita revolta da sociedade branca e de mais de 90% das comunidades indígenas.
O que se estranhou em todo esse imbróglio é que o político mais influente do estado, o senador Romero Jucá (PMDB), que freqüenta a cozinha de presidentes desde FHC, nunca tenha exposto de forma clara de que lado sempre esteve. Sempre a mesma cantilena: "Temos que encontrar uma saída que atenda os dois lados". Como?
É inadmissível que um senador do estado se posicione dessa forma diante das claras e transparentes posições das comunidades indígenas. É claro que Romero jamais quis bater de frente com o povo local. Preferiu ficar isento. Isso ficou explícito ao adotar o discurso da dubiedade.
Mais intrigante é ver a candidata ao Senado, a ex-prefeita Teresa Jucá, em linha ainda mais discreta e sem posição definida. A questão indígena atinge de forma cabal a vida do município de Boa Vista. Durante toda a sua gestão, não se teve notícia de nenhuma declaração pública sua sobre a questão da reserva Raposa Serra do Sol.
Um assunto como esse nunca fez parte da pauta de Teresa. O que mais a classe política e o estado defenderam, passou batido pela ex-prefeita. Provavelmente mais ocupada em usar dinheiro público para construção de bares e botecos na Orla, no Ayrton Senna, no Mané Garrincha e nas pracinhas de Boa Vista.
A questão da reserva Raposa Serra do Sol ainda está sub judice. Não se conhece também qualquer movimento contra a sua homologação por parte de Romero Jucá, líder do governo Lula no Senado. Na verdade, Romero concorda com o ato do presidente, caso contrário jamais aceitaria tocar na mesma banda.
É curioso que alguém com esta postura acredite que nada aconteceu e se apresente mostrando ser uma coisa que jamais foi ou teve intenção de ser. Pragmaticamente, vale tudo em busca de auferir dividendos políticos talvez inalcançáveis em seu estado de origem.
Roraima, enfim, não passa de um trampolim para alcançar o poder pelo poder. Seja ele Central ou local, pouco importa. Longe dele, com certeza, muitos políticos traquinas definhariam. Uma pena.