- 23 de julho de 2025
Na manhã do último sábado (12), um repórter da Rede Globo de Televisão (Guilherme Portanova) e um auxiliar técnico (Alexandre Calado) foram seqüestrados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), na cidade de São Paulo.
Na mesma noite daquele sábado, o auxiliar técnico foi libertado, levando consigo um DVD com a orientação "de que o material fosse veiculado na íntegra pela emissora (Globo), para garantir a vida do repórter". E assim foi feito: o vídeo foi divulgado na madrugada de domingo para todo o estado de São Paulo.
No vídeo, um integrante do PCC faz um "comunicado" à sociedade, reclamando das condições carcerárias e pedindo a revisão das penas dos presos. Vejam só a gravíssima situação que já se vive no país, onde a desordem maior é cometida e patrocinada pelos vários ramos da administração pública federal.
Como os chamados representantes da população brasileira não são capazes de aplicar leis que imponham restrições às ações de bandidos instalados no âmbito dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), toda a sociedade vai se tornando refém de grupos armados que põem em vigor suas próprias regras.
O Brasil caminha de forma célere para uma ditadura, mas é bem provável que aconteçam fatos de extrema seriedade antes disso. Só as ratazanas que pululam lépidas e fagueiras entre os cofres públicos não conseguem enxergar. As ratazanas dão seqüência a assalto permanente e infindável, enquanto corroem as instituições.
Na madrugada desta segunda-feira (14), matéria assinada por Denise Madueño, na Agência Estado, diz que "um acordo entre governo e oposição" decidiu que os ex-ministros da Saúde do governo Dom Luiz Inácio e de seu antecessor (FHC) "só deverão ser investigados depois das eleições de outubro", no caso das Sanguessugas.
Ninguém quer atrapalhar a possibilidade eleitoral do ex-ministro José Serra (PSDB), tido como favorito ao governo de São Paulo, nem a do Humberto Costa (PT) que disputa o governo de Pernambuco, embora sem chance.
Parecemos estar condenados à mesmice, com os desonestos se revezando e os panos quentes sendo colocados em cima de todas as mazelas.
Em Roraima, acórdão exarado pelo TRE - Tribunal Regional Eleitoral -, "em sintonia" com relatório do juiz César Alves, confirmou que o senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR) é sócio da empresa TV Caburaí Ltda.
O TRE/RR julgou "improcedente a ação de impugnação ao registro de candidatura do senhor Romero Jucá Filho", mas registrou no relatório que "a alegação do impugnado de que já não é mais sócio da empresa TV Caburaí Ltda. não procede".
E acrescentou: "A fulminar em definitivo tal alegação está o documento de fl. 14, certidão da Junta Comercial do Estado de Roraima, expedida em 05 de julho do corrente, que atesta ser Romero Jucá Filho sócio-administrador daquela empresa".
E pensar que o presidente do Conselho de Ética do Senado Federal, João Alberto (PMDB-MA), indeferiu pedido de cassação do mandato parlamentar do senador Filho (que dei entrada naquela Casa), alegando "não haver prova" de que sua excelência seja sócio-administrador da TV Caburaí.
Num Poder Legislativo que a tudo fecha os olhos e em quase tudo de malfeitoria tem transigido, não importam documentos nem requerimentos fundamentados. O que fala mais alto é o corporativismo. Talvez agora eles revejam o posicionamento e de lambuja cassem o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), um dos chefes dos sanguessugas.
Como é que se pode coibir a criminalidade, com lastro em tais abusos?
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