- 23 de julho de 2025
Os dias de cartel explícito por parte dos empresários do setor e da orgia do descaminho de combustíveis em Roraima podem estar com os dias contados. A importação regularizada de combustíveis venezuelanos só não se concretizará se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de algum político traquina, assim não o quiser.
Durante a semana passada, técnicos venezuelanos ligados à área de logística (comercial, importação, tributária e transportes) estiveram em Boa Vista, imbuídos da missão de inteirar-se a respeito das condições do estado para o fechamento do negócio.
Interesse da República Bolivariana de Venezuela nessa transação existe, sim. E muito. O próprio presidente Hugo Chávez já declarou isso. Aliás, trata-se de intenção do governador Ottomar Pinto desde que assumiu o governo. Para isso, uma de suas primeiras providências foi criar a Secretaria Estadual de Relações Fronteiriças.
Interessante nisso tudo é que se dizia, na ocasião, que a criação da tal Secretaria não passava de um pretexto para a acomodação política do ex-governador Neudo Campos (PP) dentro do grupo do novel governo.
Segundo analistas desinformados, esta era a forma encontrada para que o pepista e ex-govenador ingressasse pela porta da frente no governo de Ottomar. Análises, aliás, açodadas, feitas por quem não tem qualquer visão de futuro ou tino desenvolvimentista, diga-se de passagem. Disseram também que o cargo era para assegurar a Neudo imunidade relacionada a processos judiciais.
O tempo passou. Os frutos da ousadia mostram agora que havia, sim, um projeto de desenvolvimento em andamento. Em menos de um ano, acordos já foram firmados e a importação de combustível para Roraima, que o revenderá para o consumidor pela metade do praticado atualmente nos postos, depende só da aquiescência do governo Lula.
É possível que a população ainda não tenha percebido a real importância desse projeto. Não trata, apenas, da redução do preço da gasolina ou do diesel que abastece o tanto do carro do consumidor - pessoa física. Implica principalmente no barateamento de fretes e demais transportes, que, por sua vez, poderão ter reduzidos os custos da produção. Ou seja, um efeito cascata positivo para o estado e sua gente.
Até o momento, só o governo de Roraima vem se movendo nesse sentido. Excluindo o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB), que já manteve audiências com o ministro das Minas e Energia, o restante da bancada no Congresso pouco ou nada fez no sentido de pressionar o governo, mostrando a viabilidade do acordo, bem como os benefícios para um estado pobre, dilacerado territorialmente pelo governo do PT.
A anuência em permitir a importação de combustíveis da Venezuela poderia ser vista por estas bandas até mesmo como uma forma de Lula limpar um pouco a má-impressão causada ao estado quando da homologação, da forma como o fez, da reserva indígena Raposa Serra do Sol.