- 23 de julho de 2025
Por Francisco Espiridião
Trabalhadores rurais ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Roraima (Fetag), invadiram na manhã de hoje a sede do Incra, na avenida Ville Roy, Centro. Liderados pelo presidente da entidade, Luiz Carlos Gomes de Lima, os agricultores decidiram permanecer ocupando o prédio até que suas exigências sejam cumpridas.
Os invasores permitiram a saída dos funcionários, retendo apenas o superintendente em exercício Sinval Marques e a procuradora do órgão Silvia Nogueira, que foram liberados no fim desta tarde, após alguns acertos. A superintendente nomeada e não empossada, Dilma Lindalva Costa, está fora do estado.
Mais cinco ônibus
A invasão começou com 230 pessoas. À tarde, o número havia aumentado e fugiu do controle dos organizadores, conforme explicou o diretor de Finanças da entidade, Abílio Dias Peixoto. Ele disse que até amanhã estarão chegando mais cinco ônibus com agricultores de vários projetos de assentamento (PA) espalhados pelo interior do estado.
Peixoto explicou que o superintendente em exercício e a procuradora deixaram o prédio da Ville Roy depois de confirmar que o presidente do Incra, Rolf Hacbart, se achava naquele momento (17h30 hora local) com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, em Brasília, decidindo uma possível vinda a Boa Vista.
Ele negou que os ocupantes do prédio tenham mantido os dois funcionários do Incra como reféns. "Os dois ficaram até agora no prédio porque estavam interessados em resolver o problema", disse.
Não há ainda uma data marcada para a desocupação o prédio. "Nós vamos permanecer aqui até que sejam atendidas as nossas reivindicações", disse Peixoto, explicando que as mais urgentes são a vinda do presidente do órgão a Roraima e o imediato retorno de Juscelino Kubitschek Pereira ao cargo de superintendente.
Prejuízos com Jucá
Abílio disse que os agricultores não aceitam a substituição na direção do Incra, da forma como foi feita. "Nós sabemos do que é capaz o senador Romero Jucá e sabemos que essa mudança política não vai nos beneficiar", enfatizou.
Indagado sobre o fato da indicação de Juscelino ter sido, da mesma forma, política, Peixoto respondeu que o que interessa no momento é que o superintendente deposto estava realizando um trabalho benéfico para os agricultores.
"Se ele estivesse sendo incompetente, não nos interessaria se a substituição fosse política ou não", explicou, afirmando que os agricultores acreditam que com Juscelino à frente do Incra teriam maiores chances de ver seus problemas resolvidos.
Hoje existem 41 projetos de assentamento em todo o estado. Destes, a maioria enfrenta problemas de toda sorte que estavam, segundo Peixoto, começando a se resolver até a saída do antigo superintendente.
"Nós, agricultores de Roraima, já não agüentamos mais. Estamos enfrentando uma política de prejuízo. Só no governo Lula, foram quatro superintendentes. Quando Juscelino assumiu e começou a pôr ordem na casa, vieram dois meses de greve. Depois, a substituição. Não dá mais para ficarmos parados", disse, justificando a mobilização.