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VIDA E MORTE: CICLO - Por Aroldo Pinheiro

A vida é engraçada? A vida é trágica? Nada disso. A vida é tragicômica. Li uma vez, nalgum lugar, que sentimos a proximidade do fim quando pessoas à nossa volta começam a morrer. "Lembra do João? Morreu..." Fui a muitos velórios em 2006. Bem menos que em 2005. E, em 2007, a quantos irei? E o meu, quando será?


A vida é engraçada? A vida é trágica? Nada disso. A vida é tragicômica.

Li uma vez, nalgum lugar, que sentimos a proximidade do fim quando pessoas à nossa volta começam a morrer. "Lembra do João? Morreu..."

Fui a muitos velórios em 2006. Bem menos que em 2005. E, em 2007, a quantos irei? E o meu, quando será?

Domingo à noite, surpreendido e com medo, soube da morte de mais um conhecido. 50 anos. Isso é lá idade pra se morrer! Longe está o tempo em que um cinqüentenário era considerado velho. Eu tenho 52.

Humberto não era meu amigo. Éramos conhecidos. Tudo o que conversamos ao longo da vida, não chega a cinco horas: três entrevistas no "Sala de Imprensa" e umas cervejas no Bar do Dedinho. Só. Acho que era difícil arrancar-lhe uma gargalhada. Eu consegui algumas.

Humberto despertava amor e ódio. Nelson Rodrigues dizia que "toda unanimidade é burra", logo, Humberto não pertencia à burrice.

Vi em seus olhos - escondidos pela fumaça do cigarro inseparável - a alegria e o orgulho pela fabricação de um par de gêmeos. Pura expressão de humanidade e sensibilidade. Depois daquele dia, perdemos contato.

Ontem, fiz-lhe a última visita. Não tive coragem de aproximar-me para dizer-lhe adeus. Nem sei se ele me viu ali na Câmara de Vereadores.

Lá, uma jornalista comentou: "Ninguém é bom o suficiente para ocupar o lugar do Humberto". Discordo. Ninguém é insubstituível. Alguém ocupará o seu posto e a vida há de continuar. Na sua cadeira, entretanto, ninguém saberá se comportar como só ele sabia. Falo de competência e seriedade.

Roraima há de sentir, como eu, a falta de Humberto Silva, o Homem, o Jornalista.


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