- 23 de julho de 2025
Casar eu nunca casei/Falar a verdade eu não nego
Levar chifre de mulher/Nunca levei e nem pego
Quem tem vista leva chifre/Imagine eu que sou cego
(Cego Aderaldo)
Regininha, num passe de mágica, transformou-se de menina magra e seca em moça bonita e charmosa. A danada provocava suspiros por onde passava. João Alfredo foi o felizardo a conquistar aquele coração. Namoraram namoro longo, noivaram noivado curto e casaram-se.
Raquel, bonita desde pequena, transformou-se numa mulher charmosa e voluptuosa: boazuda. Um namorico de criança, com Adalberto, virou coisa séria, progrediu para noivado e acabou em casamento.
João Alfredo, Regininha, Adalberto e Raquel casaram-se na mesma igreja e no mesmo dia. Essa coincidência deu origem a grande amizade. Os quatro estavam sempre juntos nas horas de lazer: almoços, jantares, festas, reuniões, barzinhos, etc. A intimidade foi crescendo e João Alfredo deixou-se encantar pelos atributos da mulher do amigo: Raquel. Esta, ao notar os olhos compridos de João, de início, fazia charme sem um pingo de malícia. O marido de Regininha, morto de tesão pela mulher do próximo (bem próximo, por sinal), interpretou a brincadeira como abertura para um relacionamento e, cada vez mais, avançava em elogios e insinuações à mulher do amigo.
Adalberto, certa feita, ligou para João Alfredo pedindo-lhe para buscar Raquel no trabalho, pois seu carro estava com problemas. Dessa carona abriu-se intimidade e nasceu um envolvimento entre João Alfredo e Raquel que, de aventura inconseqüente, evoluiu para encontros cada vez mais quentes e freqüentes: rolou sentimento. E, foi assim que Adalberto virou corno e Regininha transformou-se em coitada (Pois é, homem traído é corno; mulher é coitada).
Adalberto, advogado, não desconfiava das visitas cada vez mais constantes que Raquel fazia ao cabeleireiro, à manicure, ao dentista, à biblioteca, etc. Regininha, vendo o marido, João Alfredo, distanciar-se, pensou "nesse angu tem caroço" e passou a marcar o marido mais do que zagueiro marca atacante na grande área.
Um dia, Regininha seguiu os passos do marido e não ficou surpresa ao ver uma mulher entrar no seu carro. Surpreendeu-se ao reconhecer sua amiga envolvida com seu amado. Matutou..., matutou... e, decididamente, ligou para Adalberto:
- Adalberto..., sabe onde eu posso encontrar a Raquel?
- Ela disse que ia ao cabeleireiro e depois passaria na casa da Priscila...
- Adalberto, deixa de ser otário... Raquel tem um caso com o João... Eu os segui até o Motel L'Amore... A estas horas meu marido deve estar visitando a "priscila" da tua mulher...
- O quê????
- Adalberto, eu tou te dizendo que nós dois estamos sendo passados pra trás. Tem uma maneira de nós acabarmos com essa patifaria...: se tu quiseres a gente vai agora pro mesmo motel, transa por vingança e, de lá, liga pra eles...
Adalberto, injuriado, revoltado e sem condições de raciocinar, aceitou a proposta. Os dois se dirigiram ao Motel L'Amore e, pelo carro de João Alfredo, identificaram o apartamento onde os traidores se encontravam. Entraram no aposento que lhes foi indicado, tomaram um drinque, ligaram para o 213 e, quando atendidos, Regininha tomou a palavra:
- João...?
- ????
- Regina...!
- ?!?!?!
- Tô aqui bem pertinho de ti...: apartamento 217... Hoje eu vi como perdi tempo em minha vida... Isso aqui que é macho! Bem melhor que aquela mixaria que eu tinha lá em casa... - Desligou, tirou a roupa e, determinada que estava, levou Adalberto à loucura. Este, fascinado com as curvas e o calor da amiga, esqueceu o chifre e saiu explorando os pontos G, H, I, J... Descobriu até o ipissilone.
Hoje, João Alfredo passa o tempo trupicando pelos bares da vida, Raquel administra seu novo empreendimento, Raquel's Drinks, e Adalberto vive feliz com Regininha. Vez por outra, Adalberto e Regininha freqüentam o Motel L'amore, onde tudo começou por pura vingança.
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