- 23 de julho de 2025
Belíssima, a novela da Globo escrita pelo dramaturgo e noveleiro Silvio de Abreu, acabou ao atingir 209 capítulos. Mas a malfadada trama continua na vida real. Os protagonistas, políticos que, imitando o folhetim, ao final sempre se dão bem. Vivem em palácios, comem caviar e tomam vinhos caros, enquanto o povo... bem...
Nesse Brasil de início de terceiro milênio, onde a ética, a moral e os bons costumes foram suja e porcamente jogados na lata do lixo, quem acredita em Justiça precisa ter paciência. Precisa aprender a exercitar a fé. Aliás, muita fé.
Nas eleições desse ano o que não falta é candidato enrolado até os últimos fios de cabelos com traquinagens as mais diversas tramitando nas Varas de Execução Penal dos tribunais, sejam estaduais ou federais.
Precisam se eleger a qualquer custo para poder continuar desfrutando no dia-a-dia das benesses auferidas com a espoliação do erário público. Um mandato será de bom tamanho. Seja ele do que for. Vai lhes garantir a imunidade (ou impunidade?) parlamentar tão desejada.
Assim, o tempo passa e os processos não são julgados. Até que um belo dia... Pasmem! Sua excelência não deve mais nada à boa e condescendente Justiça. Seu processo prescreveu seja porque passou muito tempo criando bolor nas gavetas das cortes de Justiça, seja porque sua excelência alcançou uma idade que não lhe permite mais prestar contas das traquinagens praticadas.
Veja o caso da ex-prefeita Tersea Jucá(foto), condenada em processo transitado e julgado no TCU em 2001, por desvio de dinheiro público e uso de notas fiscais falsas na obra do hospital Santo Antônio, concorreu serelepe à reeleição em 2004 e concorrerá numa boa de novo enquanto os homens do Ministério Público Federal só assitem.
De votação em votação, o brasileiro menos desavisado, aquele da cervejinha gelada e do pagodinho sem vergonha, vai elegendo os políticos que merece. Elege o governo que merece. E vive como merece. Aliás, como bem escolheu. Contentando-se com as migalhas do Bolsa Família ou coisa parecida.
Cá, a gente da imprensa, mais uma vez vale repetir, neste latifúndio só nos cabe o exercício da denúncia. Aliás (novamente), a gente acaba é valorizando os acordos. Ou seja, quando um rolo é denunciado, valoriza-se o cala-boca do político de oposição. Saem emendas. Pagam-se faturas. Concede-se cargos etc...
Vivemos entre a lei de Gerson, aquela de levar vantagem em tudo, e a máxima popular do "farinha pouca, meu pirão primeiro". Enquanto Bia Falcão não passa de uma personagem virtual, mensaleiros e traquinas outros - e tantos - são de verdade. De carne e osso.
Pedem voto. Compram voto. Adquirem voto a troco de besteiras. E terminam por se eleger ou reeleger. Lobos vorazes, mas para a grande massa não passam de inofensivos cordeiros.
Resta saber até quando esta novela continuará dando ibope. Afinal, está mais que na hora de darmos um clique no controle remoto e mandarmos tais aproveitadores para o espaço. Quem sabe faz a hora, já dizia a canção de Geraldo Vandré e Capinam, entoada no auge do regime de exceção. Vivemos outros tempos. Basta!