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EDITORIAL - Perguntar não ofende

Se por um lado é totalmente louvável a decisão dos Tribunais de Contas da União e dos estados, ao emitir listas constando nomes de autoridades envolvidas com pendências junto ao erário público, por outro, questiona-se a seriedade destas listas. Percebe-se que foram elaboradas com excesso de zelo. Um cuidado excessivo para não ferir suscetibilidades.


Depois de tantas falcatruas, tramóias e maracutaias, registradas tanto no mais alto escalão da República como nas esferas mais modestas do serviço público, descendo até um estado incipiente como Roraima, o povo está relutante. Exige lisura na ação de seus dirigentes.

Se por um lado é totalmente louvável a decisão dos Tribunais de Contas da União e dos estados, ao emitir listas constando nomes de autoridades envolvidas com pendências junto ao erário público, por outro, questiona-se a seriedade destas listas.

Percebe-se que foram elaboradas com excesso de zelo. Um cuidado excessivo para não ferir suscetibilidades. Não é por nada, não, mas é papel da imprensa ir mais longe, fazer barulho para que a verdade venha à tona em toda a sua extensão. "Duela a quen duela".

É claro que os TCU e TCEs procuraram fazer sua parte. Mas é evidente, também, que poderiam fazer com maior amplitude. Um pouco mais. Para a Bíblia, fazer só a obrigação é ser servo infiel. Fizeram uma lista frouxa e não arrojada, como se esperava. Fruto de amarras pernósticas que ainda insistem recrudescer em algumas esferas da administração.

Tal atitude deixa transparecer que essas Cortes de contas não conseguiram ainda suplantar a blindagem a que estão submetidas por parte dos poderosos de plantão. Principalmente os políticos mais traquinas. Figurinhas carimbadas.

Esse mesmo estigma acomete os integrantes dos Ministérios Público Federal e Estadual. Não raro se vê coisas do arco da velha quando o assunto é denúncia contra os poderosos. Pisa-se em ovos.

Uma ação mais enérgica por parte dos legítimos instrumentos do estado de Direito (Ministérios Públicos, Tribunais de Contas, Justiça, enfim), poderia tirar o país do buraco em que se encontra e transformá-lo em verdadeira democracia. Não essa de faz-de-conta, onde o cidadão é livre mas, ao mesmo tempo, não pode expressar seu descontentamento boicotando o voto.

Tais instituições, se ainda não encontraram os meios necessários para agir indiscriminadamente diante dos infratores, é porque não quiseram. Tempo de janela e experiência é o que não lhes faltam.

Não custa nada fazermos daqui uma perguntinha simples aos senhores conselheiros do TCE/RR, aos promotores do Ministério Público Estadual e aos procuradores da República no estado: os senhores acreditam mesmo na inocência dos principais políticos denunciados por desvio de dinheiro público e outras traquinagens? Perguntar não ofende.

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