ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília
Líderes tucanos evitaram hoje polemizar as declarações do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, sobre a reeleição para cargos majoritários. Ontem no programa Roda Viva, da TV Cultura, Alckmin disse que é pessoalmente favorável a regra.
Nos bastidores, no entanto, o discurso é que o candidato foi inábil ao tratar de um assunto que divide o partido neste momento em que se tenta unificar a legenda em torno dele.
"Sou contra a reeleição, mas o fato de ele pensar diferente não acaba com a minha convicção de que é o melhor candidato nesta eleição", minimizou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). Segundo Virgílio, a visão de Alckmin sobre o assunto não vai provocar um conflito no PSDB. "Nosso problema é com o Lula", reiterou.
Autor de um projeto que acaba com a reeleição, o líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Magalhães (BA), disse que "discorda totalmente" da posição de Alckmin, mas que "todo mundo tem direito de dar sua opinião".
Ligado ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), com quem Alckmin teria um acordo para não defender a tese da reeleição se for eleito presidente, o deputado Custódio Matos (PSDB-MG) também evitou polemizar. Aécio seria um dos nomes do partido para concorrer em 2010 ao Planalto.
"Da maneira que ele colocou o assunto não vejo que vá criar problemas no partido. Ele deixou claro que é uma opinião pessoal e que se for eleito presidente da República não terá direito a vetar uma decisão contrária a reeleição, pois a discussão do assunto caberá ao Congresso", disse.
A avaliação entre tucanos é que Alckmin não tinha outra saída a não ser manter sua posição contrária à reeleição, seguindo a linha de coerência que ele vem adotando até agora na campanha.
Alckmin estaria tentando passar para o eleitorado uma imagem de um homem coerente e sereno e se mudasse de posição agora poderia demonstrar que é suscetível a pressões.