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Crônica do Aroldo - Durma-se com um barulho desses!

A Escola para Jovens e Adultos é freqüentada por pessoas que não tiveram chance de estudar em tempo apropriado. Alguns poucos professores, coordenadores e supervisores mostram-se engajados em sua responsabilidade profissional e social. Graças a eles, algo vai dando certo neste país abençoado por Deus e bonito por natureza.


Louvável a criação e implantação da Escola para Jovens e Adultos - EJA. Penso tratar-se de um passo, ainda que tímido, para a propalada e necessária inclusão social.

Conheço pelo menos uma pessoa que concluiu o segundo grau nesta modalidade de ensino e obteve êxito numa vaga em universidade federal.

A Escola para Jovens e Adultos é freqüentada por pessoas que não tiveram chance de estudar em tempo apropriado. Alguns poucos professores, coordenadores e supervisores mostram-se engajados em sua responsabilidade profissional e social. Graças a eles, algo vai dando certo neste país abençoado por Deus e bonito por natureza.

Durante a noite, na Escola Lobo D´almada ministram-se aulas da EJA para alunos da 1ª à 8ª séries. José de Ribamar, maranhense (com esse nome vocês queriam que ele fosse de onde?), moreno, simpático e muito inteligente, atende à oitava série no EJA. Vendo o ano letivo chegar ao fim, Ribamar sabia que teria que mudar de escola para cursar o segundo grau. Certa noite, durante o recreio, ele merendou apressadamente e dirigiu-se à direção da Escola para saber de seu destino. Ao ser atendido, grunhia e gesticulava de maneira nervosa e ininteligível para a coordenadora da Escola. Ribamar é surdo-mudo. "Ai, meu Deus!" A funcionária pediu socorro e, em poucos minutos, apareceu Raimundo Nonato (piauiense, claro), amigo de Ribamar que, entendia e falava o seu idioma. Os dois trocavam sinais entre si, e o amigo traduzia o conteúdo para a coordenadora:

Raimundo Nonato:  Já que aqui não tem aulas para o segundo grau, ele quer saber em que escola ele vai prosseguir os seus estudos...
Coordenadora: Deixa eu ver... Aqui, mais perto, tem a Escola Monteiro Lobato...

Raimundo gesticulou demoradamente para Ribamar que gesticulou de volta, rápida e nervosamente, para Raimundo. Depois de algum tempo naquele diálogo, o tradutor dirigiu-se à coordenadora:

- Ele tá dizendo que não quer estudar na Escola Monteiro Lobato não. Ele disse que lá tem muito mudo estudando e que os mudos de lá "são tudo muito fofoqueiro"...

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