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Crônica do Aroldo - Para que servem as ferramentas

Certa feita, levei meu neto ao banco para que ele se familiarizasse com as coisas que os adultos fazem no dia-a-dia. No estacionamento, Guilherme fascinou-se com uns grandes caminhões feitos em madeira vendidos por um camelô. Resolvi presenteá-lo com um. Aquele seria o seu primeiro carrinho de puxar.


Sou curioso e gosto de trabalhos manuais. Em casa, se algo dá problema, eu tento  consertar. Defeitos em hidráulica, mecânica, eletrônica, elétrica, jardinagem, pintura de paredes, marcenaria..., o escambau eu tento consertar antes de chamar um especialista. Claro que, na maioria das vezes, eu tenho prejuízo, pois ao me arvorar a consertador quase sempre causo um problema maior, tendo, assim, que pagar alguém para reparar duas situações: a original e a outra, mais grave, causada por minha curiosidade e inaptidão.
Certa feita, levei meu neto ao banco para que ele se familiarizasse com as coisas que os adultos fazem no dia-a-dia. No estacionamento, Guilherme fascinou-se com uns grandes caminhões feitos em madeira vendidos por um camelô. Resolvi presenteá-lo com um. Aquele seria o seu primeiro carrinho de puxar. O guri adorou a novidade. Claro que, ao final do dia, o veículo nas mãos daquele motorista inexperiente precisava de reparos, pois, numa manobra mais brusca, ele descera um desfiladeiro entre o portão principal e a entrada de casa e, seu cargueiro, teve o eixo traseiro arrancado. A única oficina disponível para o desajeitado motora era a do seu avô: eu.
Vendo o pedido de socorro estampado nos olhos daquele chofer, afastei os móveis da sala, espalhei minhas ferramentas pelo chão, e decidi ensinar-lhe o nome de cada um daqueles instrumentos mágicos: alicate, martelo, chave de fenda, chave de boca, torquês, etc. Sob a atenção do moleque, passei cola no eixo defeituoso e no seu suporte, juntei as peças cuidadosamente, como vindas de fábrica, e, com oito preguinhos e algumas marteladas, resolvi o problema da máquina do meu jovem caminhoneiro que, logo, arrancou cantando pneus e levantando poeira.
À noite, enquanto o motorista jantava - pouca quantidade, por sinal, para quem leva a vida nas estradas -, resolvi ver o que ele tinha apreendido sobre ferramentas. Peguei o martelo, ergui-o à altura de seus olhos e perguntei:
- Guilherme, o que é isto?
- "Matelo"... - Respondeu-me o guri, depois de pensar um pouquinho.
- E pra que serve o martelo? - Perguntei-lhe para testar seu aprendizado.
- "Pla" bater em caminhão "estlagado". - Foi a curta resposta daquele futuro mecânico de meia tigela.

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