- 29 de outubro de 2024
Em 1993 a ex-prefeita Teresa Jucá assumia o primeiro de três mandatos à frente da prefeitura de Boa Vista. Ao longo de todo esse período - excetuando-se os quatro anos de gestão do atual governador Ottomar Pinto (1997-2000) -, limitou-se a promover obras de pura cosmética.
Em outras palavras, o conjunto de obras de Teresa frente à prefeitura de Boa Vista limitou-se ao precário embelezamento da parte mais central da cidade, esquecendo-se do que é relevante para as massas, o saneamento básico. Não é à toa que os pontos de alagamentos hoje são os mesmos de 13 anos atrás. É só chover, lá estão eles.
Um exemplo: ao invés de resolver a questão do Beiral (bairro Francisco Caetano Filho), onde ano após ano a tragédia se repete, com o alagamento de todo o logradouro, produzindo um sem-número de famílias desabrigadas, Teresa preferiu construir a Orla Taumanann. Cosmética pura.
Não é por nada, não, mas a construção da Orla consumiu verbas públicas em quantidade várias vezes superior à exigida para resolver o problema dos moradores do Beiral. Teresa deixou a prefeitura. Em seu lugar plantou Iradilson Sampaio com a missão maior de relembrar os "áureos tempos da prefeita". Haja mais cosmética. É mole?
Dados da Defesa Civil de Roraima dão conta que até a manhã de ontem havia nada menos que 188 pessoas desabrigadas alojadas sem qualquer conforto em ginásios cobertos espalhados pela Capital. Outras 110 pessoas, amargando sentimento de desprezo e indignação, viram-se obrigadas a deixar o aconchego do lar, em busca de socorro em casas de parentes e amigos. E então, Teresa, o que foi feito em 10 anos "administrando Boa Vista com amor"?
A chuva desabrigou moradores dos bairros Beiral, Sílvio Leite, Alvorada, Raiar do Sol e Nova Cidade. Algumas famílias tiveram que ser retiradas pela Defesa Civil de suas casas também na Vila Vintém, no Município de Cantá.
É sempre a mesma ladainha. Se pegarmos os jornais de todos esses anos teremos a impressão que são matérias repetidas, pois tratam do mesmo assunto, nos mesmos locais atingidos e nesse tempo de três mandatos.
De 1993 para cá, o rodízio estabelecido. Sai Teresa da prefeitura, entra Ottomar. Sua gestão também não foi diferente. Elegeu-se prometendo resolver os problemas e nada! Sai Ottomar, volta Teresa. E o drama cíclico dos desabrigados se repete. Quem quiser comprovar isso basta pesquisar os jornais dessa época do ano, em 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005.
Isso tudo, sem falar na montanha de dinheiro carimbado para saneamento básico que deu entrada nos cofres do Município. Recursos que, se empregados de forma sistemática e responsável, poderiam ter remetido o drama dos atingidos pelos alagamentos para os anais da história. Resolver os problemas de alagamentos, ao que parece, não é questão de incompetência, e sim, de vergonha na cara.
Teresa, agora, quer ser senadora. Senadora que, durante 10 anos com dinheiro na mão, não resolveu simples problemas de alagamentos provocados pelas águas da chuva, buracos nas ruas e nem falta de iluminação pública na periferia. O que se pode esperar dela no Senado?
Na realidade, o que vai acontecer com Teresa no Senado é um fortalecimento do seu grupo político. Caso o marido não ganhe o governo, ficam os dois azedando a vida do governador que assumir. Como o terceiro senador, Augusto Botelho, não cheira e nem fede...
Será matar dois coelhos com uma cajadada só. Teresa já demonstrou gostar muito de passar os dias em Brasília. Num levantamento feito pelo vereador George Melo, com base em passagens e diárias no seu segundo mandato, Teresa passou praticamente a metade do seu governo "trabalhando" em Brasília. Eleita, ficará onde gosta de estar. Colada ao marido.
Tirando os três meses de campanha eleitoral de 2000, e depois dos quatro anos em que ficou fora de Boa Vista, Teresa não passou um único mês inteiro na cidade. Candidata ao Senado, Teresa chegou a pouco tempo, repaginada, lift, batonzinho e com muita cosmética para falar.
E os desabrigados pelas chuvas? Em 2008 ela volta e promete tudo de novo.