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Tolerância beirando a cumplicidade

Sim, Roraima corre o risco de ter uma senadora e um deputado federal condenados pelo TCU e pela Justiça Federal por desvio de dinheiro público. Vergonhosamente, nesses casos, a justiça foi provocada, se manifestou e... nada.


 Edersen Lima, Editor

Brasília - Uma das maiores faltas de senso é a máxima de que "a Justiça só se manifesta se for provocada". Isso só beneficia os traquinas, os corruptos, os contraventores e os criminosos que não são ou que são mal denunciados.  Beneficia ainda mais essa gente quando, numa sociedade pequena como a de Roraima, que apesar de todo mundo saber quem é quem, reine a tolerância com abusos.

Em 2004. o juiz Luís Fernando Mallet indeferiu pedido de uma coligação que acusava a TV Caburaí de ter interesse na reeleição de Teresa Jucá, e por isso, pedia para que os programas eleitorais não fossem gerados por aquele canal.

Como os programas teriam que chegar com mais de três horas de antecedência à TV, nada impediria que "alguém" assistisse os programas dos adversários de Teresa e a coligação dela promovesse reveses judiciais contra tais programas a exemplo do que supostamente ocorreu em 2002.

O juiz Mallet não viu nenhuma relação ou co-relação entre a TV e a candidatura da então prefeita. Talvez hoje, menos tolerante e melhor informado, ele saiba que aquele canal sempre pertenceu a Romero Jucá, marido de Teresa.

Hoje a corriqueira utilização de veículos de comunicação pertencentes a políticos contra seus adversários se faz presente de forma agressiva à inteligência do eleitor como nunca se viu.

Passando recibo disso, estão, a Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral que a tudo assistem e pouco estão fazendo. Não precisa ser provocado diante do que se ler, ouve e assiste nos jornais, rádios e TVs dos principais candidatos ao governo.

Tudo bem que Luís Mallet não soubesse de Romero e seu canal de televisão. Mas será que o presidente do TRE, Robério Nunes dos Anjos, não sabe que um jornal trabalha em prol e a TV Caburaí pertence a Romero Jucá? Do mesmo modo, não sabe ele que a TV Boa Vista é ligada umbilicalmente a Ottomar Pinto? Que, como em todas as campanhas eleitorais, a Folha de B. Vista desprestigia os concorrentes de Getúlio Cruz?

Sobre ética e vergonha, a Justiça Eleitoral vai permitir que candidatos que respondem processos como Neudo Campos, Flamarion Portela e ex-deputados concorram. Pior: vai permitir que condenados do Tribunal de Contas da União e da Justiça Federal, como Teresa Jucá e Getúlio Cruz, disputem respectivamente e serelepes ao Senado e à Câmara dos Deputados.

Sim, Roraima corre o risco de ter uma senadora e um deputado federal condenados pelo TCU e pela Justiça Federal por desvio de dinheiro público.  Vergonhosamente, nesses casos, a justiça foi provocada, se manifestou e... nada.

Some-se a isso tudo que a Prefeitura de Boa Vista não é mais administrada por Teresa, mas seus institucionais que entopem as grades das TVs Roraima e Caburaí só falam das "proezas" realizadas pela ex-prefeita.

A denúncia chegou ao site www.fontebrasil.com.br por e-mails de estudantes e servidores públicos, que têm menos grau de instrução e experiência de vida do que os homens que devem fazer valer a legislatura eleitoral. Será que esse tipo de campanha disfarçada ainda não foi observada pela JE e pelo MPE?

Aos olhos de qualquer leitor de fora de Roraima, como os daqui de Brasília que talvez, por mera curiosidade lêem esta coluna, devem enxergar "que sociedade mais complacente!". Responderia eu: não! Não é questão de complacência. É questão de não se observar provocações e muito menos de se manifestar. É de tolerância beirando a cumplicidade, mesmo.

 

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