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EDITORIAL - Segurando a lanterna

Roraima é apontado pelo Ministério da Educação (MEC) como o último lugar em qualidade de ensino entre os estados federados. Muitos fatores contribuem para isso, a começar pela falta de compromisso com a educação, coisa que vem de muito longe. É claro que não se pode generalizar. Ao longo desse tempo houve algumas honrosas exceções.


Roraima é apontado pelo Ministério da Educação (MEC) como o último lugar em qualidade de ensino entre os estados federados. Muitos fatores contribuem para isso, a começar pela falta de compromisso com a educação, coisa que vem de muito longe. É claro que não se pode generalizar. Ao longo desse tempo houve algumas honrosas exceções.

Não é à toa que no ano de 2001 a rede estadual de ensino de Roraima fechava matrículas no ensino médio com um total de 18.278 alunos, com taxa de reprovação de 6% ao final do período letivo. No ensino fundamental nesse mesmo ano, foram matriculados 64.461 alunos, com taxa de reprovação da ordem de 8%.

No ano de 2004, três anos depois, ao invés de aumentar o número de matrículas, já que a densidade população aumentou, o que se viu foi o contrário. Houve queda considerável, com aumento do número de reprovação ao final do período letivo. Foram matriculados nesse ano no ensino médio 15.275 alunos (contra 18.278 em 2001), com taxa de reprovação de 10%, quatro pontos percentuais a maior.

O mesmo fenômeno se registrou neste ano de 2004 no ensino fundamental. Foram matriculados 63.280 alunos (contra 64.461 em 2001), subindo o número de reprovações ao final do período letivo para 10%.

O ano de 2003 foi mais crítico ainda. O nível de reprovação no ensino fundamental chegou a 11%. Os números de 2006 ainda estão sendo trabalhados. Mas já é possível se detectar onde se localiza o maior índice de evasão escolar: está no EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Foram matriculados no início de 2006 nada menos que 22.660 alunos no EJA. Desse total, mais de 12 mil já abandonaram as salas de aula. Não foi feito ainda nenhum estudo científico para detectar as razões de tanta fuga, apesar de a conjuntura econômica estar sendo apontada, empiricamente, como a responsável pelas desistências.

Os dados trabalhados neste editorial constam do Sistema Inep (Ministério da Educação) e do Núcleo de Informações e Estatística (NIE) da Secretária Estadual de Educação de Roraima

Voltando à questão do descaso e malversação dos recursos, consta que a Controladoria Geral da União detectou desvio de R$ 8 milhões de verbas destinadas ao setor educacional no estado.

Fora esse descompasso, o que não faltam na Secretária Estadual de Educação são problemas.

O total dos resíduos do Fundef continua envolto em espessa nuvem. Professores sindicalizados dizem que chegam a R$ 20 milhões. O governo assegura que não passam dos R$ 4 milhões. Na Secretaria de Educação, todos cheios de dedos. Ninguém fala sobre o assunto.

O pagamento da bolsa universitária sofre constantes atrasos. Os professores do processo seletivo não recebem salários em dia, principalmente aqueles lotados no interior. Aliás, ainda não receberam os primeiros 15 dias de trabalho, o período inicial, quando foram contratados. A promessa de virem agregados ao primeiro mês inteiro, falhou.

Para finalizar, artimanhas próprias do século 19: muitos professores de 1.ª a 4.ª série estão em sala de aula sem a mínima qualificação para tal. São pessoas que deixaram o ensino fundamental pela metade, além de outras que, tendo concluído apenas o ensino médio, sem qualquer habilitação adicional, dão aulas para alunos do mesmo ensino médio.

Com professores assim, como aspirar educação de qualidade? Resta aos roraimenses, se conformar em "segurar" indefinidamente "a lanterna" da educação no País. Prato cheio para discurso eleitoral de oposição.

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