- 29 de outubro de 2024
Um traço dos mais fortes, entre os que moldam a personalidade do engenheiro pernambucano Bruno Maranhão, líder do MLST - Movimento de Libertação dos Sem-Terra - (que promoveu essa baderna na Câmara dos Deputados) é o da irascibilidade.
Ele perde o controle com a maior facilidade. Em Recife, os de sua geração conhecem muitas histórias, verdadeiras ou não, que retratam perigosa instabilidade no seu comportamento.
Conta-se que, certa vez, ao estacionar seu veículo atrás de um outro que aguardava num semáforo, buzinou desesperadamente assim que o sinal abriu para que fosse aberto caminho à sua passagem.
Como o motorista se confundiu e deixou o motor morrer, fez sinal para que ele "passasse por cima", já que não desgrudava de estridente buzina. E "passar por cima" foi o que Bruno tentou fazer: deu ré e foi à frente várias vezes, machucando violentamente a traseira do automóvel que se interpunha no espaço.
Praticante de artes marciais na juventude, atual secretário nacional de movimentos populares do PT, integrante da Executiva daquele partido e comensal do presidente da República (ele participa de freqüentes almoços e jantares com Dom Luiz Inácio), Bruno Maranhão é exemplo vivo do descalabro nacional.
Bem nascido, rico, com filhos que estudam no exterior, o engenheiro declarou no ano passado (quando da invasão do prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília), que tal ação se equiparava ao movimento zapatista no México, numa alusão ao levante indígena e camponês de Chiapas (1994). Não se tem notícia de nenhuma punição.
O presidente da República, que nada sabe, vê, ou escuta, terá de tomar providências imediatas, pois Bruno Maranhão exerce função de relevo na sua agremiação política e não se tem como contemporizar com fato tão grave!
Pior de tudo é verificar a desmoralização absoluta do Poder Legislativo, com centenas de parlamentares envolvidos nas mais vergonhosas falcatruas, sem capacidade de reação diante de mais uma agressão à instituição.
Como deve reagir uma Casa que transige com notórios larápios, integrantes de esquemas cujo objetivo primordial é o de desviar recursos financeiros pertencentes à coletividade? Uma Casa que absolveu réus confessos em crime dos mais hediondos, o de subtrair valores destinados à educação, saúde e bem-estar da população?
Manipulados ou não, os membros do MLST ofereceram mostra do sentimento de exaustão da sociedade brasileira, pois a reação de observadores, embora condenando o episódio, foi a de que é preciso fazer alguma coisa contra a prepotência e a arrogância de parlamentares blindados por impunidade inaceitável. Bandidos blindados!
As instituições brasileiras, diante de tanta injustiça e desordem, caminham para o arruinamento. E isso não interessa a ninguém. Os assaltantes dos cofres públicos, muitos deles bem conhecidos e identificados, não têm moral para condenar ato que se reputa da maior gravidade, pois comprometidos com a decadência nacional.
É necessário, portanto, que se coloque ordem nesse estado de coisas antes que a situação degringole de vez. O modelo econômico faliu, as pessoas já não dispõem do mínimo para suprir necessidades básicas e não mais existe confiança ou respeito entre a maioria dos representantes e seus representados.
Ou se dá início a processo de reversão desse caos programado, ou cada qual começará a entender que a Justiça deve ser feita com as próprias mãos.
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