- 29 de outubro de 2024
Instituições respeitáveis iniciaram uma mobilização contra o voto nulo, uma vez que há uma tendência explícita do eleitorado por essa forma de protesto cívico. O pior é que a idéia encontra maior receptividade entre as pessoas mais bem informadas, formadoras de opinião, que acompanham o noticiário com mais atenção e, por isso, sentem-se traídas e decepcionadas pela crise ética.
O voto nulo é um caso típico (e raro) em que os dois lados têm razão. Ao votar nulo conscientemente, amigo leitor está fazendo com que o vitorioso na eleição se sinta diminuído. Ou seja, você expressou sua desaprovação pelo candidato, ainda que este tenha sido vencedor tanto para o Legislativo como para o Executivo. Mas pode-se estar também diminuindo o valor da democracia.
Por outro lado, anular o voto é um direito de todos aqueles que, em determinada eleição, se sentem revoltados (ou empulhados) pela situação dominante, quando os próprios valores democráticos estão corrompidos pelos abusos dos eleitos.
Surge, então, uma crise da democracia? O atual sistema eleitoral é uma porteira aberta para que continue havendo descalabros na República do tipo da compra de votos de deputados (o conhecido escândalo do mensalão)? A eleição serve então como habeas corpus para criminosos de colarinho branco e traquinas se protegerem da Justiça?
Quando tudo parecia denunciado e penosamente apurado (mensalão, bingos, Correios etc.), esperava-se punição exemplar dos culpados. Nada disso. O que se viu foi a conivência total. A contemporização com a ação de pulhas. Viu-se, então, entrar em ação o poderoso cobertor, garantindo ampla total e irrestrita impunidade, tanto para corruptos como para corruptores. Para ambos, o braço da Justiça se mostra muito curto.
Quando se pensava que todas as falcatruas haviam vindo à tona, eis que surge o caso das ambulâncias (sanguessugas) e em Roraima, as centrais de ar condicionado e as fanzendas assombrando os auditores do Basa.
Não é rpeciso gastar palavras em falar na suspeita de que o próprio presidente da República sabia de tudo, sendo, por conseguinte, o responsável maior pelas mutretas de alguns de seus principais auxiliares. Por muitos deles, disse Lula alto e bom tom que colocava a mão no fogo. O caso de Roberto Jefferson.
Os pesos-pesados desta eleição em Roraima são velhos conhecidos como adeptos das práticas de nepotismo, da administração centralizada e atrasada, sofrem denúncias de corrupção e improbidade administrativa, um, contumaz operador na seara do calote.
Diante das opções de voto, o eleitor roraimense pode dizer, sem medo de incorrer em qualquer exagero, que está de frente com a velha e conhecida situação: se correr, o bicho pega; se ficar, ele come com uma só bocada.
O voto nulo não é a melhor forma de protesto. Mas é um instrumento válido na democracia. É um direito do eleitor diante de tudo o que se assiste e convive em Roraima e no País. Nesse quesito (traquinagens e abusos), aliás, Roraima não deve nada às grandes metrópoles.
É claro que o voto nulo não vai resolver os descalabros da política de Roraima e muito menos do País. Mas serve, sim, para deixar registrado o protesto. O povo mostra, com ele, que não é um bom cabrito. Berra e muito!