- 29 de outubro de 2024
A última passagem de Teresa Jucá (PPS) pela Prefeitura de Boa Vista (2000-06) deixou uma série de dúvidas gritantes que precisam ser urgentemente esclarecidas. Antes que sua ex-excelência se disponha a participar de qualquer contenda eleitoral.
São questões levantadas a partir de depoimento prestado pelo engenheiro eletricista Cláudio Roberto Firmino de Oliveira ao Ministério Público Federal - MPF - (Procuradoria da República em Roraima), no qual se processam gravíssimas acusações que não têm como passar em branco.
O que mais chama a atenção no episódio é o fato de a ex-prefeita não ter ainda acionado Cláudio Roberto na Justiça para que prove o que disse. Ele tem recebido alguns telefonemas estranhos, carregados de ameaças à sua integridade física, mas no geral tudo se desenrola como se nada tivesse acontecido. O silêncio é ensurdecedor!
O engenheiro afirma ter documentos que atestam a efetuação de pagamento duplo nas obras realizadas no Terminal Rodoviário do Caimbé e na Vila Olímpica.
Numa primeira vez, as contas foram pagas à Empresa Planecon; na segunda, quem conseguiu deslocar uma bolada foi a Construtora Soma, cuja propriedade Cláudio Roberto atribui ao senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR), a quem o senador ACM (PFL-BA), recentemente chamou de LADRÃO no plenário do Senado.
De posse de dois Boletins de Medição, um em nome da Planecon e outro contemplando à Soma, o engenheiro explica detalhadamente o que aconteceu nos bastidores da construção do Terminal do Caimbé, quando cinco centrais de ar condicionado "foram desviadas para a produtora de televisão" pertencente a Filho.
As informações de que o depoente dispõe deveriam ser motivo de audiência na Câmara Municipal, já que os chamados representantes do povo ali se encontram na defesa dos interesses da população. Quem sabe pode ser aberta CPI que apure o caso, tendo em vista a enorme quantidade de documentos disponíveis?
A se comprovarem tais acusações, estaremos diante de fato que requer pronta ação do Poder Judiciário, através dos órgãos competentes. Falta investigar.
Eu mesmo já acionei o Tribunal de Contas do Estado, o Tribunal de Contas da União e outros órgãos, e estou respondendo a novo processo judicial por parte dos Jucás, embora o principal acusador (depoente), não tenha sido provocado judicialmente.
Além de comprovantes de pagamento duplo que diz possuir, tanto no referente ao Terminal do Caimbé, quanto no caso da famosa Vila Olímpica, o que mais chama a atenção na denúncia de Cláudio Roberto é o item relacionado a "aditivos".
São milhares e milhares de reais jogados fora, segundo ele, "de forma criminosa e irresponsável", desperdiçando recursos públicos em ações de improbidade administrativa. O que fará a Câmara Municipal? Resta esperar.
O engenheiro deseja a realização de uma perícia nos transformadores de energia elétrica instalados no Caimbé. Eles são recondicionados e foram comprados "com preço superfaturado". O transformador novo que lá deveria ter sido instalado "foi enviado para a produtora de televisão de Romero Jucá Filho". No seu lugar, dois imprestáveis.
Essa discussão está apenas começando e deverá se alongar. É possível que agora, diante da divulgação detalhada do fato, a ex-prefeita acione a Justiça e procure colocar o episódio em pratos limpos. A montanha de documentos e dados disponíveis é absurda! O que não se deve é calar diante da insensatez.
Com a palavra o Ministério Público Federal, a Câmara Municipal de Boa Vista e a população, na cobrança a respeito da destinação de bens que são da coletividade.
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