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EDITORIAL - Descalabro geral

A cara de pau é tamanha que candidatos a governador, senador e deputado federal nem ficam mais vermelhos com denúncias, acusações e condenações pesadas de corrupção e desvio de dinheiro público. O próprio eleitor parece não dar lá muita importância a isso. À imprensa que se indigna, cabe apenas a denúncia. A lei, acima da Justiça, concede um leque de opões, profundos subterrâneos, para que caloteiros não paguem por seus golpes. Para que assassinos confessos continuem desfrutando da liberdade de ir e vir.


O Brasil tem longa história de complacência com a malandragem. Todos adoram ver algum esperto se dar bem. Parece que o espectador se identifica de forma atávica com o malandro. Coisa de cultura, mesmo.

Talvez por isso, os valores no país tupiniquim sejam tão invertidos. E ninguém estranha. Um exemplo: o anexo 4 da Câmara dos Deputados tem dez elevadores, Desses, quatro são exclusivos dos deputados.

Ora, funcionários, empregados mesmo são eles e não o povo. O que acontece é que filas e mais filas são formadas enquanto os quatro elevadores, na maioria do tempo, ficam desocupados, aguardando o chamado de suas excelências.

Ah, como é bom assistir cenas em que o malandro dá um golpe. Qualquer filme ou novela em que atores como Harison Ford, Al Pacino, Tarsício Meira, Antônio Fagundes interpretem um vilão, ou um ladrão de jóias, por exemplo, a torcida é por eles.

No futebol, a cotovelada de Pelé no jogador uruguaio na Copa de 70 é o máximo. Transcende o tempo. Como é engaçado ver o replay de Maradona fazendo gol com a mão em partida de Copa do Mundo. Pênalti cometido e não marcado é comemorado como gol de placa.

Uma propaganda da Skol mostra bem isso. Quando é o jogador argentino que chuta, a trave sai do lugar para a bola não entrar. E todos ficam achando isso muito engraçado. Pior: trabalha-se no País a cultura da traquinagem. Indiretamente, as crianças já começam a ser educadas assim, na apologia da trapaça.

Falando em crianças, a brincadeira de "Polícia e ladrão" ninguém quer ser a Polícia.

A cara de pau é tamanha que candidatos a governador, senador e deputado federal nem ficam mais vermelhos com denúncias, acusações e condenações pesadas de corrupção e desvio de dinheiro público. O próprio eleitor parece não dar lá muita importância a isso.

À imprensa que se indigna, cabe apenas a denúncia. A lei, acima da Justiça, concede um leque de opões, profundos subterrâneos, para que caloteiros não paguem por seus golpes. Para que assassinos confessos continuem desfrutando da liberdade de ir e vir.

O cúmulo disso é o próprio presidente do País. Lula conta com o beneplácito do eleitorado que, em troca de benefícios pífios, não quer enxergar os mal-feitos. Lula Mente deslavadamente, querendo convencer alguém de que nada sabia, nada viu, nada ouviu. E continua liderando as pesquisas.

Parece que o povo brasileiro perdeu o sentimento de indignação, aquele que poderia levar a uma mudança de paradigma. Vive-se período de eterna dormência ético-moral. Verdadeira indiferença diante de tudo e, principalmente, de todos os corruptos engravatados.

Parece que o povo cultiva a lei de Gerson - levar vantagem em tudo - circulando em suas veias. Vergonha. Vergonha. Vegonha! Sem rima de pé-quebrado, a saída para esse descalabro geral é o aeroporto internacional.

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