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Maracutaias e condescendências

Teresa Jucá vai concorrer "bela e serelepe" ao Senado mesmo tendo sido condenada em 8 de maio de 2001 por desvio de dinheiro público. Romero Jucá, o Filho, aplica o maior calote na agência do Banco da Amazônia (Basa) em Roraima, cerca de R$ 20 milhões, apresenta fazendas fantasmas no interior do Amazonas como garantias e é candidato ao governo. Ottomar Pinto se safou de processos condenatórios. Quiçá até da cadeia e é candidato à reeleição. E a justiça o que faz? Nada.


Malhar em ferro frio. Essa é a sensação que se tem quando o assunto é a corrupção generalizada que assola o país, a exemplo do que ocorre em Roraima. Tem-se sempre a nítida sensação de que se nada contra a corrente. Anestesiada, a sociedade a tudo assiste, impotente, por falta de ação enérgica dos organismos inertes.

Diante da falta de exemplos, bons exemplos, partindo dos instrumentos de repressão como a Polícia e o Ministério Público, e principalmente a Justiça, a sociedade hoje se mostra cética. O que se vê é o afrouxamento generalizado da ética, dos bons costumes e dos princípios morais que costumam reger a vida em comunidade. 

Em condições normais, a sociedade não ficaria condescendente com tamanhas falcatruas. Reagiria com firmeza a ponto de se incomodar com as reiteradas maracutaias. Tanta conivência advém, infelizmente, da falta de ação enérgica da Justiça, que não prende nem cassa os malandros engravatados e de carteirinha.

Vejamos alguns maus exemplos: a ex-prefeita Teresa Jucá vai concorrer "bela e serelepe" à única vaga em aberto no Senado nestas eleições, mesmo tendo sido condenada em 8 de maio de 2001 por desvio de dinheiro público e apresentação de notas fiscais falsas da obra do Hospital Santo Antônio.

Políticos, magistrados e a própria Justiça Eleitoral já tomaram conhecimento disso através da imprensa. E o que fizeram? Nada.Um cidadão comum atrasa ou não paga a prestação de um móvel ou qualquer outra coisa, imediatamente a Justiça se faz presente, apreendendo o objeto adquirido e não pago, tomando-o de volta.

O senador Romero Jucá, o Filho, aplica o maior calote na agência do Banco da Amazônia (Basa) em Roraima, cerca de R$ 20 milhões, apresenta fazendas fantasmas no interior do Amazonas como garantias, os auditores do banco apuram tudo e comprovam a traquinagem. E o que a Justiça faz? Nada.

Ottomar Pinto se safou de processos condenatórios. Quiçá até da cadeia, porque enrolou a Justiça e se beneficiou pela idade avançada que permite rolos, mas não condenações. Que justiça é essa? E Pitta e Maluf, comprovadamente desviaram dinheiro da Prefeitura de São Paulo e continuam soltos. Como qualquer cidadão, acima de qualquer suspeita.

Tiremos ainda o exemplo do jornalista Antônio Pimenta Neves. Matou covardemente a ex-namorada, assumiu o assassinato, portanto criminoso confesso, mas está solto. Tudo por conta da frouxidão das leis, feitas para beneficiar bacana e deixar apodrecendo na cadeia quem rouba por necessidade um frasco de xampu em supermercado.

Vendo tudo isso, tantos casos de abusos, de rapinagem da grossa, a sociedade passa a crer menos em si mesma. Perde a cada dia a capacidade de se indignar e de protestar. Tudo porque a Justiça, que deveria prevalecer também nos casos envolvendo gente graúda, não faz nada. Passa batida.

E a população ainda é obrigada a ouvir a célebre frase: "Você sabe com quem está falando?" A vontade é responder: "Com um ladrão!" Mas, aí já seria desacato. Prisão na certa. Bom não arriscar.

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