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EDITORIAL - Pão sem circo

O pior investimento dos políticos é o saneamento básico. Implantar extensas redes de bueiros é coisa que nenhum prefeito gosta. A obra fica enterrada. E o que não é visto, não costuma render dividendos eleitorais (votos). Até aí, tudo bem. Trata-se de explicação aceitável e até certo ponto óbvia. Mas, por que, então, o linhão de Guri, a BR-174, as escolas-padrão e a ponte de Caracaraí não renderam os votos esperados por seu criador, Neudo Campos?


O pior investimento feito por políticos é, sem dúvida, o saneamento básico. Implantar extensas e necessárias redes de bueiros é coisa que nenhum prefeito gosta. A obra fica enterrada. E o que não é visto, não costuma render dividendos eleitorais (votos).

Até aí, tudo bem. Trata-se de explicação aceitável e até certo ponto óbvia. Mas, por que, então, o linhão de Guri, a BR-174, as escolas-padrão e a ponte de Caracaraí não renderam os votos esperados por seu criador, Neudo Campos, haja vista serem obras ostensivas?

Aqui também há explicações plausíveis. Tais benefícios, ainda que relevantes para a sociedade, não têm peso direto no bolso do consumidor-eleitor. A energia de Guri, por exemplo, apesar da perenidade e segurança, manteve o mesmo patamar de preço por quilowats/hora.

Não houve por parte do governo federal, através da Eletronorte, a consideração de repassar para o consumidor roraimense a diferença registrada entre a geração de energia termelétrica e a vinda do complexo de Macágua. 110% desse lucro em cima do preço que pagava ao governo venezuelano ficou nos caixas da estatal. Em menos de dois anos, estava quitado esse débido. 

Leve-se em conta que a Eletronorte sofria, como ainda sofre, forte influência do senador Romero Jucá, o Filho, líder permanente de todos os governos. Até recentemente, indicou Aniceto Wanderley para superintendente da Bovesa.

Desse modo, sem que se sentisse no bolso dividendos reais, o consumidor-eleitor fez a conta dos noves-fora e a obra passou como uma outra qualquer. O mesmo pode-se dizer de BR-174, da ponte de Caracaraí e das escolas-padrão. Tudo isso é obrigação do governante e não merece respaldo.

Agora, lembrando de uma das máximas Romanas, durante o Império, pode-se ver que apesar do longo tempo passado, os imperadores tinham inteira razão em defender a política do "pão e circo" para o povo. Nos dias atuais, aboliu-se o pão, ficando apenas o circo.

Obras como o Complexo Ayrton Senna e a Orla Taumanann significam beleza e distração para a comunidade. São reconhecidas e geram votos, apesar de, em termos de benefício social prático, nada acrescentarem para aqueles que vivem lutando por um prato de comida à mesa, por melhor educação e saúde para os seus filhos.

Obras do gênero não facilitam a vida, nem somam na prestação de serviços. Enfim, não se trata de nada substancial para o desenvolvimento do estado. Apenas lazer, distração do povo, para que este não lembre das promessas feitas justamente em época de eleição. E jamais cumpridas.

 

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