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EDITORIAL - Seria pedir muito?

Qual será o "cavalo de batalha" dos políticos em evidência? Que terá a dizer Ottomar Pinto que possa atrair a atenção do eleitor a ponto de dar-lhe mais um mandato, e pela quarta vez governar Roraima? O que dirá Romero Jucá, o Filho, simpático postulante ao governo sobre as tais fazendas do outro mundo que dera como garantias de mais empréstimos no Basa? O que dirá sobre o que fez com o dinheiro que deveria ser usado na construção de um pólo de abate e exportação de frangos?


É impressionante como a máxima de Lampedusa se encaixa direitinho em Roraima, tal como no trato com a decadente nobreza italiana. Por aqui tudo se muda para continuar igual. Vejam-se os questionamentos que tomam conta de cada eleição para o governo do estado a cada quatro anos. O que, afinal, se discutiu em todos os períodos eleitorais a partir do advento do estado?

Em 1990 o mote maior era a construção do recém-criado estado. Em 1994, era o governo macuxi, enfim, tomando as rédeas do lavrado. Era o passado limpo contra o passado sujo. A oportunidade tão almejada de um governo promissor para os roraimenses tendo um filho da terra (minhoca?), sério e honesto, à frente do processo.

Já em 1998, imperou a contracultura do sentimentalismo tipo novela mexicana. As discussões giraram em torno de denúncias mil de corrupção e maracutaias diversas. Em 2002 surge novo ingrediente nesse caldeirão de propostas. Aparece o novo contra o velho. O cearense simples que chegou puxando a cachorrinha enfrenta a mais pura e concreta tradução da oligarquia, do centralismo em conjunto.

E agora, em 2006, qual será o "cavalo de batalha" dos políticos em evidência? Que terá a dizer Ottomar Pinto que possa atrair a atenção do eleitor a ponto de dar-lhe mais um mandato, e pela quarta vez governar Roraima? Vai defender melhorias para que setores? E por que esses setores não foram melhorados durante esse tempo em que esteve governando, tempos bons, em que contou com apoio de 90% das bancadas estadual e federal?

Por outro lado, qual será a bandeira levantada por Romero Jucá, o Filho, detentor de extensa folha corrida, repleta de cabeludas estripulias e traquinagens, a exemplo do calote aplicado no Banco da Amazônia (Basa)? O que dirá o simpático postulante ao governo sobre as tais fazendas do outro mundo que dera como garantias de mais empréstimos no Basa?

O que dirá Romero Jucá sobre o que fez com o dinheiro que deveria ser usado na construção de um pólo de abate e exportação de frangos? O que dirá sobre a acusação de apropriação criminosa de equipamentos e materiais de obras públicas que responde no Ministério Público Federal?

O que dizer sobre as transferências de R$ 236 mil da conta particular da mulher Teresa, que quer ser senadora, para a conta da empresa do filho Rodriguinho Jucá? O que vai dizer sobre ter sumido de Roraima para ser ministro de Lula quando a homologação da reserva Raposa Serra do Sol foi decretada, e mais recentemente, onde estava Jucá quando começaram as retiradas das famílias daquela região?

Pela primeira vez na história recente, assuntos relevantes poderiam tomar conta das discussões em torno da eleição para o governo do estado. Mas, pelo andar da carruagem, não se verá isso. Lamentavelmente, Roraima perderá mais esta oportunidade de se ver trilhando as veredas do desenvolvimento.

Mais uma vez o roraimense terá que emprestar o ouvido para balelas, lambanças outras. Promessas e mais promessas. Mil promessas. Esquisitas e furadas do tipo "a saúde vai melhorar em 30 dias" e "investimentos na agricultura com dinheiro do FNO", a mesma fonte que abasteceu Romero Jucá no seu calote de R$ 20 milhões. E quem fará essa promessa será ele mesmo.

Discussões inócuas de lado, para este Fontebrasil, para a opinião pública de Roraima, para o que no fundo toda a sociedade roraimense deseja, bastava o compromisso sério de se combater o crime organizado por maus políticos que sugam o dinheiro do estado e minam a confiança em um futuro melhor. Seria pedir muito?

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