- 29 de outubro de 2024
A primeira eleição para governador de Roraima aconteceu em 1990. Os protagonistas daquele pleito eram o ex-governador do ex-território federal Ottomar de Souza Pinto (PSDB) e o também ex-governador do ex-território federal Romero Jucá Filho (PMDB). Passados 16 anos, o quadro volta a se repetir com os mesmos personagens.
Não é à toa que nesses 16 anos pouca coisa mudou pelas bandas de Roraima. Vive-se hoje engessado numa economia de contracheque, tal como no ex-Território. Vive-se numa economia que depende exclusivamente de transferências federais, com minúscula exceção, tal como no ex-território.
A política, o motor de todas as coisas, repetindo o panorama federal, não se renova. É a velha máxima: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. As opções de voto para ocupar o Palácio Senador Hélio Campos são reduzidas e bipolarizadas.
O eleitor pode votar em Ottomar, o "velho e conhecido brigadeiro", que representa um pensamento centralizador - assina diárias de R$ 40 - , o das oligarquias carcomidas do Nordeste. Quem não ler por sua cartilha e de seus correligionários mais chegados, considere-se alijado do processo. Outra opção? Tem sim.
A segunda opção é Romero Jucá, mais jovem que Ottomar mas já desbotado pelo comportamento também oligárquico, traz intrínseco nas veias a tendência para sofrer denúncias de escárnio e dilapidação do bem público. Não é à toa que pesa sobre seus ombros acusações e mais acusações de corrupção e desvio de dinheiro público.
Isso, sem falar nas traquinagens as mais diversas, como apresentar fazendas inexistentes como garantia de empréstimos milionários do Basa. As estripulias vêm de longe. Punição? Até agora nenhuma. Sempre detentor de mandato eletivo, continua sentado em cima dos processos. A Justiça faz vistas grossas a tudo que lhe diz respeito.
Triste de um estado, de uma sociedade que não se renova. Em nível majoritário é a escassez citada. Já para as eleições proporcionais, tirando alguns quadros novos, e por isso mesmo, inexpressivos, aqui e ali, volta-se a cair na mesmice.
Com Ottomar e Jucá disputando o mesmo cargo 16 anos depois, nota-se bem que Roraima vive a fórmula mágica descrita por Giuseppe Tomasi di Lampedusa, em O Leopardo: "Vamos mudar tudo, para tudo continuar como está". Quem não estiver satisfeito que reclame ao bispo. É o barco seguindo seu curso. Sempre à deriva.