Heranças de Teresa - Boa Vista no inverno

Por Daniella Assunção

Boa Vista merece ser conhecida pelas narrativas musicadas do trio Roraimeira, Neuber Uchôa, Zeca Preto e Eliakim Rufino, que consegue mostrar um lugar alegre, agradável, enfim, a melhor para se viver, tornou-se uma verdade cruel.

Porém, a realidade é outra. A situação da cidade é deveras crítica na época do inverno. Ruas esburacadas que acabam com veículos e na maioria das vezes, com a vida de ciclistas e motoqueiros. Alagações  também responsáveis por em risco a vida das pessoas e levar junto a dignidade, sonhos e os poucos bens que restam à população pobre da cidade, adquiridos a custa de muito sacrifício.

Esgotos a céu aberto, terrenos baldios servindo de esconderijo para bandidos, criminalidade em alta, escuridão facilitando estupros, assaltos e assassinatos.  Além de bairros inteiros servindo de focos de dengue, malária, onde as chances de contrair essas e outras doenças são bem maiores nesta estação e mesmo assim no verão, nada foi feito a não ser o de sempre, limpar as ruas, enquanto as valas na periferia continuam abarrotadas de lixo e animais mortos. Isso porque se trata da Capital de Roraima com mais de cinqüenta (50) bairros e uma população superior a 240.000 habitantes. Imagine se não fosse.

Criança adoecer no fim de semana nem pensar. O hospital Santo Antonio, teoricamente hospital infantil, ainda cultiva os hábitos da demora no atendimento e a falta de uma farmácia no setor de emergência, ou seja, quem precisar adquirir um remédio para medicar seu filho, terá que correr até a farmácia mais próxima ou  esperar até segunda-feira para ir a um posto de saúde, isto se não for feriado. E quem não tiver dinheiro e estiver precisando urgente? Aí terá que recorrer a benção divina.

Prefeitos assumirão e deixarão seus cargos, e sobrará a mesma pergunta: se tivéssemos inverno durante os 12 meses do ano, a nossa Prefeitura não faria nada para melhorar a qualidade vida da população? Triste realidade deixada por Teresa Jucá.