- 29 de outubro de 2024
Por Márcio Accioly
O brasileiro trabalha cinco meses por ano (cerca de 150 dias), apenas para pagar imposto. Calcula-se, ainda, que um mês e meio de salário (45 dias) são utilizados para o financiamento da corrupção que se alastra de forma assustadora. Somem-se a isso as mordomias, o desperdício e o despreparo de nossos dirigentes, na formação do caos.
O modelo econômico que aí se encontra, altamente excludente, transformou o trabalhador num pária. Rebotalho da espécie humana, sem nenhum valor ou direito. Os que ainda conseguem trabalho na economia formal, reféns de salários miseráveis, vegetam como escravos, mergulhados no desespero.
Nas diversas unidades da Federação, somam-se milhões de inadimplentes que não têm sequer como saldar a conta de energia. Desde que o então presidente FHC (1995-2003) doou nossas estatais e as bilheterias do sistema elétrico, em trapaças onde a propina correu frouxa, busca-se saída para a crise que se agrava sem dar trégua.
Na Presidência da República, colocou-se desmazelado indolente, último recurso à necessidade de mudança que todos clamavam, pulando-se do fogo para se cair na panela. As denúncias intermináveis revelam que sua excelência montou quadrilha de alta periculosidade, a qual cuidou de assaltar todos os cofres públicos disponíveis.
Como se fosse pouco, através de negociata mal explicada, e que exigiria outra CPI, mas não por esse Congresso Nacional, formado majoritariamente de bandoleiros (com as honrosas exceções de praxe), decidiu-se tomar trocados que sobravam no frigir de mal cozidos ovos. E os funcionários ativos e aposentados foram fisgados pelo tal de "empréstimo consignado". Fechou-se o cerco.
Numa sociedade amordaçada, triturada e debilitada, facções criminosas começam a descobrir sua força e poder de mando. Depois de dominarem o Rio de Janeiro, a cidade de São Paulo foi eleita como alvo.
A capital paulista, outrora símbolo da pujança econômica de um mal amado país, já contabiliza mais de uma centena de mortos numa guerra em que a sociedade brasileira é a maior perdedora. Pior de tudo é perceber que figurões encastelados no poder, entreguistas e saqueadores, não irão resolver nada, absolutamente nada.
Ao se combater o crime nas ruas, torna-se indispensável, também, remover os criminosos instalados na máquina pública. Dever-se-ia aplicar a lei. E proibir que quadrilheiros contumazes participassem de disputas eleitorais, oferecendo-se o exemplo.
Como é possível impor ordem e cobrar respeito, se as chamadas autoridades estão presentes nos desvios de recursos financeiros públicos e nos mais infames desmandos? O mandato eletivo no Brasil funciona como passaporte para a impunidade. Ninguém é preso, ou cobrado, desde que tenha sido eleito para exercer cargo político.
Agora, é preciso que haja ampla mobilização da sociedade. As pessoas devem debater, conversar com vizinhos, imaginar alternativas, cobrar propostas, rejeitar a candidatura de corruptos e tentar dar um freio nessa situação que vai se tornando irreversível.
Depois disso, será a guerra civil generalizada. Estamos apenas num dos estágios da desordem que começa a se alastrar. Não se deve pecar pela indiferença, pois está em jogo o futuro do país. O presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP), nosso amável beberrão, declarou que "é preciso educar, formar as pessoas para que se combata o crime".
Palavras perdidas, pronunciadas por quem não se educou e constituiu uma administração composta de ladrões e velhacos. Ainda há tempo para a reversão, mas o momento é delicado. O Brasil está se desmontando e é preciso que todos se mobilizem.
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