- 29 de outubro de 2024
Durante os quase oito anos do governo Neudo Campos, ouviu-se exaustivamente que o futuro de Roraima estava condicionado a dois pilares importantes. O primeiro, a agricultura, como efervescente fonte de produção acima do Equador; e o segundo, a abertura de mercado ao norte - Venezuela e Guiana.
O governador Ottomar Pinto, de olho nessa perspectiva, deu início às negociações com a Venezuela, contando com apoio do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB) e com o trabalho de articulação de Neudo, ex-secretário estadual de Relações Fronteiriças.
Neudo, aliás, conhece bem esse caminho. Sabe onde pisar na Venezuela para viabilizar tais entendimentos. Foi em sua gestão que se concretizou um dos maiores feitos para o desenvolvimento local. Graças à sua tenacidade, Roraima conta hoje com energia abundante e confiável, oriunda do Complexo de Macágua - Guri.
Vencida essa fase, o alvo mais emergente chama-se importação direta de combustíveis. É quase impossível aceitar-se o fato de que a Venezuela, distante pouco mais de 200 quilômetros da Capital roraimense, forneça gasolina aos turistas brasileiros a dezoito centavos de real o litro, enquanto em solo brasileiro esse mesmo combustível seja vendido a três reais.
A pretensão do governo de Roraima, que encarna o interesse geral dos roraimenses, conta com a aquiescência do governo bolivariano de Caracas. O presidente Hugo Chávez deu sinal verde. Depende agora da legislação brasileira, o que está sendo analisado na Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Mas o caso requer ingerência maior. A liberação da importação tem seu conteúdo de dependência política. Para isso, faz-se necessário a mobilização, além do senador Mozarildo Cavalcanti, de todos os parlamentares roraimenses. Principalmente os da esfera federal.
O senador Romero Jucá Filho (PMDB), líder de todos os governos que se aboletam no Palácio do Planalto, deveria usar sua influência para resolver questões dessa natureza, que visam o desenvolvimento do estado que lhe acolheu, ao invés de ficar afogado em suas traquinagens particulares.
A sociedade civil organizada também precisa estar irmanada nessa batalha. O apoio ao projeto de importação de combustíveis deve ser feito em coro. Deve vir de todos os lados possíveis.
A Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER), A Federação do Comércio do Estado de Roraima (FECOR), a Federação das Associações do Comércio e Indústria de Roraima (FACIR), entre outras organizações, precisam estar juntas com o governo nessa caminhada.
Vale lembrar que a importação de combustíveis baratos é apenas um dos pontos de uma longa e expressiva lista de medidas salutares para o estado. A eliminação de gargalos na área do turismo, a definição do gasoduto que vai do norte da Venezuela até a Argentina, passando por Roraima, e a implantação de um pólo criador de aves e suínos para exportação, são outros alvos a ser alcançados.
A década de 1980 foi a que levou o deslanche ao estado de Rondônia. Falava-se que a de 1990 seria a de Roraima, como a nova fronteira agrícola. Infelizmente, não se concretizou. Mas ainda há tempo. Basta que deixemos questiúnculas eleitoreiras de lado. A gente de Roraima merece.