- 29 de outubro de 2024
Qualquer sociedade que se considere honrada ficaria indignada vendo um ilustre representante seu no Senado Federal ser chamado de "ladrão", como foi chamado em plenário o senador Romero Jucá. Mais indignada, ainda, com o seu senador, ficaria uma sociedade ao ouvir a sua resposta: "O seu passado é maior que o meu".
Ou seja, aqui a idéia maior não é descobrir quem estaria possivelmente limpo em sua conduta pública ao longo dos anos, mas sim, qual dos dois, o mais sujo. A competição gira em torno de se saber quem foi mais "artista" que o outro na arte da traquinagem, da maracutaia, da manipulação do erário público em proveito próprio.
Diante de tanta dúvida, cabe pedir uma explicação. Afinal, que passado maior é esse, senador Romero Jucá? Seja mais claro! Seria o passado de traquinagens e piruetas em benefício próprio com o dinheiro público? Seria, então, o babalaô baiano Antônio Carlos Magalhães mais "ladrão" que Vossa Excelência porque tem mais tempo de vida, portanto, um "passado maior"?
Ainda no campo da indignação, qual sociedade não se sentiria envergonhada e frouxa de princípios vendo seu ilustre representante no Senado, que adora processar jornalistas e veículos de comunicação que não comungam de sua cartilha, não fazer nada? Não esboçar nenhuma atitude de repúdio à ofensa recebida?
Jucá sequer ousou ameaçar, mesmo que só para fazer média com o público, que iria processar ACM. Isso, porque sabe que ACM não é nenhum "promotorzinho" como ele costuma classificar membros do Ministério Público Estadual (MPE) roraimense.
Com ACM, Jucá sabe que o buraco é bem mais em baixo. Sabe que é melhor ser chamado de "ladrão" e deixar isso por isso mesmo, do que dar uma de João Valentão, que de valente, só mesmo o disfarce do bigode. Para cutucar Toninho Malvadeza é preciso mais que um simples e sugestivo bigode. Como diria Collor, precisa ter "aquilo roxo".
O que conta em tudo isso, para tristeza maior de Roraima em ter um representante como Romero Jucá, é a razão que levou o senador baiano a passar-lhe a descompostura: traição desmedida para com a classe mais desvalida do povo brasileiro.
Agindo como moleque de recado de Lula, Romero usou de golpe baixo para impedir o andamento do projeto de lei que permitiria a aposentadoria de empregadas domésticas e outros trabalhadores de baixa renda com valor e tempo de contribuição menores que os previstos nas atuais regras de Previdência Social.
Além de ser chamado de "ladrão" e ter reação pífia diante de tamanha acusação, Romero desfila toda sua crueldade para com as classes menos favorecidas. Mostra quem verdadeiramente é: lobo em pele de cordeiro. Roraima merece ter representantes assim?