- 29 de outubro de 2024
A chamada democracia representativa atravessa séria crise no mundo ocidental. Vítima de arranjos que têm como um dos objetivos a perpetuação dos que se encontram no poder. Some-se a tal crise o desespero de bilhões de pessoas sem resposta às suas necessidades no atual modelo capitalista, e teremos caldeirão planetário em ebulição.
Os níveis da crise variam, dependendo do grau de fortalecimento das instituições. Num país como o Brasil, por exemplo, onde a corrupção virou norma e a pouca-vergonha é generalizada, o prato é cheio. Os corruptos se comportam como se irremovíveis, ou inamovíveis. Só se sentem ameaçados quando perdem vantagens.
Recentemente, vimos emissoras de televisão divulgando imagens da França, nas manifestações de jovens e adultos que protestavam contra a discriminação racial e social e a falta de trabalho. O drama arrefeceu, mas ainda irá voltar ao noticiário.
Mesmo diante das falhas do modelo capitalista (e mesmo com a corrupção que sabemos existir em todos os quadrantes), seria quase impossível para um governante europeu ou norte-americano permanecer à frente de seu cargo eletivo (ou ditando regras), se apanhado em flagrante na prática de atos ilícitos.
Um homem público como Dom Luiz Inácio (PT-SP), para ser mais claro, não teria a menor condição de permanecer na Presidência da República. Isso, depois de comprovados fatos aterradores que os jornais têm desfilado em letras garrafais nos últimos meses. Nosso amável beberrão já teria sido afastado e possivelmente preso.
Aqui, ele não somente permanece no cargo, como repetindo os mesmos ilícitos e, pasme-se, candidato a um segundo mandato! Durma-se com um barulho desses. Instituiu-se no país a regra do apropriar-se, dilapidar e assaltar os recursos públicos.
Na sexta-feira (28), entrei com duas denúncias contra a ex-prefeita Teresa Jucá (PPS), suposta pré-candidata ao Senado por Roraima.
Tomando como base um devastador depoimento prestado na Procuradoria da República em Roraima (Ministério Público Federal), encaminhei as denúncias à Presidência do Tribunal de Contas do Estado e ao Procurador-Geral de Justiça do Estado de Roraima, Edson Damas da Silveira.
O depoimento, de autoria do engenheiro Cláudio Roberto Firmino de Oliveira, aponta irregularidades na construção do Terminal de Ônibus do Caimbé que, em qualquer país comprometido com a Justiça, geraria sérias sanções aos diretamente envolvidos.
Cláudio Roberto dá nome e endereço do estúdio de televisão pertencente ao senador Romero Jucá Filho (em suas próprias palavras), sito à Rua Victor Hugo 106, no Canarinho, para onde foi desviada grande quantidade de material comprado com o dinheiro público, por ocasião da construção do terminal.
Essa denúncia, que pode e deve ser adjetivada com a gravidade requerida, não tem como passar em brancas nuvens! Cidadãs e cidadãos têm a obrigação de ouvir Cláudio Roberto, apurar e evitar que ele seja perseguido ou mesmo agredido por pedir justiça! É dinheiro da prefeitura e, portanto, pertencente à coletividade.
Como é possível reclamar direitos, lamentar as más condições de vida, se não existe pressão da sociedade na apuração de ocorrências que comprometem o futuro de gerações inteiras? Como é que se pode votar em pessoa já condenada e que continua sendo acusada de improbidade, sem que se exija o esclarecimento de tais questões?
Nossa situação só irá mudar, quando a maioria tiver plena consciência de suas responsabilidades. Delegar poderes sem cobrar deveres é cometer suicídio.
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