- 29 de outubro de 2024
Justiça se lhe faça: o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), na condição de representante do Senado ("como fiscalizador da retirada das famílias de não índios da Raposa/Serra do Sol"), vem acompanhando o trabalho, prestando assistência aos arrancados de suas glebas e agindo prontamente nos limites de suas atribuições.
No exato momento em que se observa o desespero de proprietários que se vêem obrigados a deixar seu torrão, eis que o Fontebrasil (www.fontebrasil.com.br) divulgou excerto de discurso pronunciado pelo senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR), no qual defende de forma veemente a criação da Raposa/Serra do Sol.
O Fontebrasil fez mais: disponibilizou link de acesso ao discurso. Com apenas um "clique" do mouse, têm-se ao alcance dos olhos documento que desmonta qualquer argumento contraditando a participação de Filho no episódio.
Enquanto os desterrados perambulam pela reserva como zumbis, sem saber que papel assumir, privados de quase tudo, não se ouve uma palavra que seja por parte do senador Filho, justificando pronunciamento efetuado no já distante 16 de novembro de 1995. No primeiro ano da gestão presidencial FHC (1995-2003).
Naquela época, FHC era tido e havido como o rei da cocada preta. Mas não passava de mero sociólogo covarde e boca frouxa (entreguista e lesa-pátria), titular de administração a quem Jucá Filho serviu prazerosamente, inclusive como líder.
A população de Roraima não deve apresentar atestado de insensatez ou absoluto desconhecimento, elegendo senadora a ex-prefeita de Boa Vista Teresa Jucá (PPS), fortalecendo grupo político que tem trabalhado abertamente em prejuízo do Estado.
Vemos o senador Mozarildo subindo serras e correndo malocas, mas não se verifica a presença de Teresa Jucá em nenhuma localidade onde agora se desenrolam dramas inenarráveis. Nem se escuta uma só palavra dela ou de Filho, sobre a demarcação que defendeu com unhas e dentes! É como se nada estivesse acontecendo
O senador, que dias depois da homologação da reserva falava em "equilíbrio" e "moderação", disse o seguinte no discurso de 95:
"-Somos a favor da demarcação da área indígena Raposa/Serra do Sol e estamos reunindo toda a bancada federal de Roraima para ir ao presidente da República e ao ministro Nelson Jobim".
Ao mobilizar a bancada federal de Roraima, Filho queria ir lá como Salomé. Levando uma bandeja não com a cabeça de João Batista, mas a do povo de Roraima.
Em Brasília, onde se encontra mais uma vez "descansando", Teresa Jucá comenta nos lugares que vai ganhar a eleição para o Senado. Diz ser "imbatível".
Assegura não existir um só nome capaz de derrotá-la e que "juntamente com Romero" (é assim que ela se dirige ao senador Filho), "iremos dar todas as cartas políticas no próximo ano". Crê no poder absoluto.
Será que a população de Roraima, diante de documentos, fatos e evidências, diante de comprovados absurdos e tantas denúncias, irá às urnas como boi ao matadouro, ofertar mandato senatorial a Teresa Jucá para que ela decida com o senador Romero Jucá Filho os destinos da terra macuxi nos próximos oito anos?
É preciso que se dê um "BASTA" bem grande a tudo isso. É necessário que a população acorde e observe a difícil situação do estado. Conceder mandato a qualquer cidadão ou cidadã é muito fácil. Difícil mesmo é tirá-lo de lá. Entrei com três pedidos de cassação do mandato de Filho e foram arquivados. Porque forte mesmo é o voto.
É necessário ficar com os olhos abertos. E não cavar a própria sepultura.
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