00:00:00

Mera questão de sobrevivência - Márcio Accioly

Os brasileiros estão pagando anualmente cerca de um mês e meio de salário para sustentar a corrupção. Média de 45 dias que, somada aos cinco meses de trabalho necessários ao pagamento de impostos, deixa saldo preocupante no claro arrocho financeiro promovido. Por isso que ninguém dispõe de dinheiro para mais nada.


Os brasileiros estão pagando anualmente cerca de um mês e meio de salário para sustentar a corrupção. Média de 45 dias que, somada aos cinco meses de trabalho necessários ao pagamento de impostos, deixa saldo preocupante no claro arrocho financeiro promovido. Por isso que ninguém dispõe de dinheiro para mais nada.

Os serviços prestados pela máquina administrativa, seja qual for a esfera que se apresente (municipal, estadual e federal), não correspondem ao posicionamento do Brasil como país detentor da maior carga tributária do planeta.

Somos os maiores em tudo: futebol, violência, corrupção, desmandos, taxas de juros, impunidade e pouca vergonha. Sobram itens. Mas estamos caminhando para alcançar marca que tem tirado o sono da maioria dos profissionais vinculados à área de educação. O analfabetismo está se tornando crônico!

Uma diretora de escola pública do estado de Roraima, professora experiente com muitas horas de sala de aula e intermináveis histórias nascidas de seus contatos diretos com o alunato, afirma que, nos últimos anos, a mentalidade da juventude em formação escolar tem adotado tendência das mais perigosas.

Adolescentes, na faixa etária que vai dos onze aos 15 anos, muitas vezes questionam a orientação da mestra com relação à pregação de honestidade e outros valores que percebem desrespeitados cotidianamente por nossas principais autoridades.

Argumentam os jovens, com justa razão, que os detentores de mandato roubam, oferecem péssimos exemplos, trapaceiam e transgridem a lei sem que nada de mal lhes aconteça. O mandato passou a ser a toca da maioria dos calhordas.

Nas disputas eleitorais, observam-se larápios dos cofres públicos (os que abertamente desviam recursos financeiros de todas as áreas e descumprem regras estabelecidas), disputando eleições sem nenhum constrangimento, enquanto praticam os mesmos crimes pelos quais deveriam ser exemplarmente punidos.

Tal comportamento, embora não tenha como ser mensurado em seu efeito nos desdobramentos diários, acumula carga de frustração e desengano que vai contaminando toda organização social. Sobre os jovens, em particular, as conseqüências são devastadoras.

Veja-se o caso de muitos países africanos, onde o homem branco exerceu tráfico de escravos, e alguns outros nos quais designou títeres, corrompendo e surrupiando suas principais riquezas naturais. Angola, Nigéria e o Congo, para ficar nesses exemplos, servem para ilustrar.

São países onde jamais se cultivou a educação e onde as crianças crescem em meio a guerras civis, num ambiente de indescritível opressão e inomináveis desmandos. Em muitas dessas nações africanas, os que se recusam a cooperar com os vários grupos armados, situados entre vários fogos, são mutilados de forma cruel.

Apesar da desordem, as multinacionais lá se encontram, extraindo petróleo (como na Nigéria), ou escavando suas minas (caso do ex-Congo Belga, Zaire e, agora, novamente Congo).
Diante de tal alerta efetuado pela professora, faz-se indispensável uma reflexão, por parte dos setores de nossas classes médias, corrigindo-se o rumo da sociedade brasileira que se mostra em direção ao abismo.

Afinal, que terrível resultado deve ser produzido, nesta situação de desrespeito e desordem, alimentada pela indiferença dos que se refugiam na omissão? Está na hora de dizer basta, assumindo deveres que irão servir de exemplos aos nossos jovens.

E-mail: [email protected]

Últimas Postagens

  • 29 de outubro de 2024
"Mulher não vota em mulher"
  • 24 de outubro de 2024
Agenda Secreta