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EDITORIAL - Novos ares sem traquinagens

Depois de toda essa lambança, o senador Romero Jucá vem agora na rádio e na TV, humildemente, pedir que o povo esqueça o passado. "Daqui prá frente, tudo vai ser diferente!" (música de Roberto Carlos na época da Jovem Guarda). Haja óleo de peroba para ilustar tamanha cara de pau. É chamar os eleitores roraimenses de idiotas. É julgar que em Roraima ele pode fazer e acontecer, e todos lhe dirão "amém!".


A democracia, apesar de no Brasil ser mera expectativa, tem lá das suas. Permite que indivíduos desprovidos de qualquer capacidade ético-moral falem o que querem e pensam, apesar de nada do que vociferam corresponda a verdade. Nenhuma letra.

Esse é o caso do senador Romero Jucá Filho (PMDB). Foi homem forte no Planalto durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso. Considerava-se amigo íntimo do presidente. Nessa condição privilegiada, sequer uma palha movera na direção de resolver as questões fundiária e a indígena, cruciais para o desenvolvimento do estado.

Mudou o governo. Pensava-se que o senador roraimense-pernambucano estaria ingressando na oposição, como indicava o bom senso. Homens de fibra, imbuídos de algum escopo moral, ingressaram e continuam fazendo oposição cerrada - e às vezes nem tanto - a Lula que, fora do governo, os combatia de forma implacável.

Jucá está longe dessa grandeza. Feito camaleão, que muda de cor de acordo com a vegetação do terreno, o senador peemedebista mudou de partido e continuou freqüentando a cozinha do presidente de plantão. Ideologia? Esquece...

Nos três últimos anos, Jucá voltou a ter novas chances de dar uma mãozinha na solução dos problemas que afligem a grande massa que, de boa fé, deu-lhe o mandato por mais de duas oportunidades consecutivas.

Mais uma vez Jucá traiu a confiança do eleitorado. O importante é pisar em ovos para não desgostar o "patrão". Afinal, este já havia se comprometido com a opinião pública internacional com relação à demarcação de terras indígenas em Roraima. Contrariá-lo, jamais.

Depois de toda essa lambança, vem agora, humildemente, pedir que o povo esqueça o passado. "Daqui prá frente, tudo vai ser diferente!" (música da Jovem Guarda). Haja óleo de peroba para ilustrar tamanha cara de pau. É chamar os eleitores roraimenses de idiotas. É julgar que em Roraima ele pode fazer e acontecer, e todos lhe dirão "amém!".

Curioso é que tudo aponta nessa direção. Jucá faz e acontece em Roraima. Literalmente. Manipula de forma sórdida a maioria dos veículos de comunicação. Tira do ar aqueles que não lhe baixem a cabeça, conforme fez com a Rádio Difusora de Roraima.

Sem dúvida, Jucá é um homem poderoso. O governo do estado deslanchou campanha publicitária no início do mês. Ele não gostou dos dizeres, e conseguiu na Justiça Eleitoral a determinação de apagar pelo menos uma frase dos outdoors.

Argüiu que parte das peças publicitárias representava campanha política extemporânea em favor do governador. E o que dizer da campanha explícita em seu favor que é feita diariamente em seus veículos de comunicação? Essa não conta?

E os processos judiciais abertos contra o senador por irregularidades as mais diversas? Por que não seguem o trâmite normal? O consolo é que neste mundo tudo passa. Com esse autoritarismo barato não haverá de ser diferente. Quando isso ocorrer, por certo que Roraima vai suspirar novos ares, sem traquinagens. É questão de tempo.

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