- 29 de outubro de 2024
A demarcação da reserva Raposa Serra do Sol em área contínua, atrelada a unificação de áreas com a de São Marcos, ambas na faixa de fronteira com a Venezuela, atrapalha os entendimentos do Brasil em relação ao Mercosul. A análise é do deputado Raul Lima (PMDB), que enxerga na desintrusão um "golpe" na economia de Roraima.
De acordo com Raul Lima, o governo brasileiro tem pregado o intercâmbio comercial entre os países latino-americanos, mas está colocando uma barreira na integração com a Venezuela. "O presidente Lula, através da sua equipe, teima em não reconhecer sequer a importância de Pacaraima no contexto da ideologia do Mercosul", criticou.
Para o deputado, o princípio estratégico da aproximação cultural, comercial e diplomática de nações da América Latina está sendo desconsiderado pelo Planalto, referindo-se à Venezuela. "O governo brasileiro propõe alianças ao mesmo tempo em que dificulta o relacionamento num ponto crucial para a integração: a região de fronteira".
Raul Lima está solidário a luta do prefeito Paulo César Quartieiro (PDT) em sua batalha incansável pela manutenção de Pacaraima, considerando algo indispensável ao bom intercâmbio fronteiriço entre o Brasil e a Venezuela. "O Brasil caminha no sentido de provocar vários empecilhos e colocar em risco o fortalecimento do Mercosul", disse.
ECONOMIA - O desaquecimento da economia de Roraima, segundo Raul Lima, é outro aspecto inerente ao modelo demarcatório da Raposa Serra do Sol, onde se deixou de respeitar propriedades reconhecidas pelo Incra e áreas de produção de arroz irrigado que geram algo em torno de seis mil empregos, além de propiciar divisas ao Estado.
"No primeiro momento, a sociedade sentirá de perto mais um problemas com a demissão de milhares de mais de família. O impacto social da demarcação, não pelo mérito mas pela forma, tende a se agravar porque os investidores, antes ávidos por vislumbrar oportunidades, estão com medo de empreender em Roraima", lamentou o deputado.
Os prejuízos não devem parar por aí, sob a ótica de que a médio e longo prazo o distanciamento regional do Mercosul, especificamente na área fronteiriça entre a Venezuela e o Brasil, demandará obstáculos ao progresso econômico de Roraima, pois "a exportação via terrestre ficar impedida diante da inserção de reservas fechando a fronteira".