- 29 de outubro de 2024
Quanto mais torpedos caem na cabeça do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, mais tem ele solidificado sua preferência entre o eleitorado. Um real para quem conseguir explicar tal fenômeno sem usar a desinformação das massas como mote principal.
Carismático, Lula é quem está certo. Faz coro com a maioria do povo. Como o povo, ele também jamais leu um livro. Aliás, o povo, a grande massa, aquela que faz a diferença na hora da pesquisa, só se informa mesmo pela TV. Não é à toa que os analfabetos somam cerca de 12% no país.
O grande apoio de Lula vem dessa fatia da população que, desinformada, não tem culpa de entender que os benefícios do Bolsa Família, ainda que mal distribuídos, contribuam de forma decisiva no processo de amenizar a fome que assola regiões inóspitas.
Ainda sobre o poder que a imprensa tem de conduzir a opinião pública, não foi à toa que a TV Globo focou suas câmeras e editoriais contra a convocação extraordinária do Congresso, no fim do ano. Convocação extraordinária ocorre todo ano e ninguém jamais reclamou tanto.
O objetivo maior dessa estratégia, bom que se saiba, era desviar o foco das CPIs dos Bingos, que o governo temerariamente batizou de "CPI do fim do Mundo", e dos Correios (mensalão). Deixar, de preferência, todo o lamaçal do outro lado da rua, no Congresso.
A TV Globo investiu pesado contra a convocação extraordinária. Publicou fotos e listas de parlamentares que, intimidados, decidiram devolver a quantia que haviam recebido ou que iriam receber. Fez comparações com o que poderia ser feito com o dinheiro da convocação, enfim, montou o picadeiro apropriado para esconder o lixo debaixo do tapete.
A pressão sobre os parlamentares foi tamanha, a ponto de terem eles acabado com o expediente questionado. A votação foi quase que unânime. A deputada roraimense Suely Campos (PP) foi a única que ousou rebelar-se. De forma até corajosa, não se dobrou diante dos apelos hipócritas. Foi voto solitário.
Essa nã foi a primeira vez que a TV Globo interferiu decisivamente na política. Em 1989, o seu candidato era fernando Collor, e sendo anti-Brizola, a Globo passou a dar maior espaço à candidatura de Lula nos seus telejornais. Resultado: o ex-metalurigico, surpreendentemente, é que foi para o segundo turno contra o caçador de marajás.
Voltando o assunto principal, enquanto a mira fica sobre à raia miúda, peixes grandes passam incólumes diante de uma população com os olhos firmes em vislumbrar o que comer.
O certo é que até agora nem dólares na cueca, nem estupro à conta do indefeso caseiro Francenildo, nem as traquinagens do melhor amigo Palocci, nem a apatia diante de um governo que patina sem sair do lugar, fez cair a popularidade do presidente.
E ele continua repetindo como papagaio: "Não sei de nada, não vi nada... não sei de nada, não vi nada... não sei de nada, não vi nada...".