- 29 de outubro de 2024
Quanto mais os atuais mandatários tripudiam sobre as instituições, mais se alarga o fosso que os separa dos chamados representados. As eleições estão se aproximando numa velocidade espantosa, reforçando impressão segura de que a maioria dos detentores de cargos eletivos se imagina eterna nos mandatos.
Na desmoralização que o plenário da Câmara dos Deputados está impondo ao Conselho de Ética daquela Casa, abriga-se a derrocada de todos. Agora mesmo, "o Conselho de Ética estuda a possibilidade de nova representação contra o deputado Wanderval Santos (PL-SP), inocentado pelo plenário".
Na nova representação, colocar-se-á foco direto nas emendas que sua excelência apresentou e que favoreceu a algumas estranhas ONGs (Organizações Não Governamentais). O caso de Wanderval Santos interessa sobremaneira a Roraima.
Ele transferiu seu título de eleitor para o estado, mas o presidente do Diretório Regional do PL, deputado estadual Mecias de Jesus (presidente da Assembléia Legislativa), apressou-se em informar que Wanderval garantiu não ser mais candidato a nada. Quem abonou a sua ficha? Qual a razão de vir, sem qualquer interesse?
Quando assumiu o atual mandato, em 2003, Wanderval era conhecido pelo pomposo título de "bispo". Concedia bênçãos em profusão, assim como uma boa rezadeira se fia no poder mágico de mezinhas. Isso foi até aparecer envolvido num monte de falcatruas e se vir convenientemente afastado pela Igreja Universal.
Evangélico fervoroso, sua excelência foi tentado por desviados mensageiros do mal, integrantes de certa categoria que optou por carregar a Bíblia sagrada numa das mãos e um pé-de-cabra na outra. Só do esquema do publicitário Marcos Valério, o ex-bispo Wanderval embolsou 150 mil reais.
Nada mal para quem jurava uma vida de dedicação e comedimento, com uma boa pitada de eflúvios celestiais.
Mas como na existência nem tudo é graça ou piada, o ex-bispo Wanderval, agora jogado no vale dos suspeitosos, vai entrando de supetão na terra macuxi, trazendo mala e cuia e desconhecidos biguás.
Na quarta-feira, o plenário da Câmara fez mais uma das suas e absolveu o ex-presidente daquela Casa, deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Sua excelência poderá agora usar o direito de processar quem o acusa de alguma irregularidade, pois convenientemente absolvido.
Em 2002, durante a campanha eleitoral, João Paulo era líder do PT e candidato à reeleição. Teve a brilhante idéia (na época em que se imaginava que seu partido merecia respeito), de editar um livreto no qual apontava "45 escândalos que marcaram o governo FHC, com apoio de José Serra". A publicação fez o maior sucesso!
Ele ainda teve o desplante de organizar passeatas vigorosas em Osasco, sua base eleitoral, quando prometia, em discursos inflamados, que iria se mobilizar para instalar "tantas CPIs quantas se fizessem necessárias" na responsabilização dos tucanos pelo desastre de oito anos de gestão FHC (1995-2003).
O resto, quase todos sabemos. Na Presidência, João Paulo revelou pendores fascistas, inclusive censurando o Jornal da Câmara. Foi o único presidente, até os dias atuais, a autorizar a invasão do prédio pela Polícia Militar do Distrito Federal, para reprimir manifestação de aposentados contra a reforma previdenciária.
Falta muito pouco para as eleições gerais deste ano. É preciso que se fique atento e que se dê a essas pessoas a resposta que merecem, diante de tantos absurdos e abusos.
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