- 29 de outubro de 2024
BRASÍLIA - Com pressão alta e estresse, Antonio Palocci alegou falta de condições físicas e psicológicas para depor na PF sobre a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo.
Paulo Okamotto, presidente do Sebrae e compadre gastador de Lula, teve de se esconder humilhantemente no escritório para fugir da intimação de um escrivão de polícia.
Ângela Guadagnin, a deputada que enfrentou tudo e todos para defender seus pares petistas, até o ridículo e talvez o decoro, foi expulsa do Conselho de Ética (e reintrouzida no dia seguinte).
As TVs e as rádios, as capas dos jornais e as revistas expõem essas vísceras do governo e do PT. As reações são indignadas, às vezes de asco, mas já há também difusos sentimentos de compaixão.
André Luiz, experiente promotor de São Paulo, faz uma interessante relação entre júri e eleição: é preciso dosar a pressão sobre o réu/adversário. Aperta e relaxa, bate e assopra, porque o risco de passar do limite é o réu virar vítima e conquistar a comiseração dos jurados (ou eleitores...).
Lula e o governo produzem um "efeito vacina", o mesmo que Maluf conseguiu em décadas de campanha e de denúncias. Podiam falar e provar tudo contra ele, mas seus 30% de votos paulistas não se abalavam. Apesar de todas as diferenças do mundo, o eleitorado petista de fé incorpora o espírito do voto malufista: voto nele porque voto.
Só que 30% não garantem vitórias, muito menos numa bipolarização como essa de 2006. Daí a estratégia da vitimização, acusando golpismo e perseguição de uma elite cruel. É para atrair pena e solidariedade e segurar os neopetistas de 2002.
Há efetivamente o risco de o cerco tomar contornos de massacre -o que pode gerar pena e apoio. Mas os infortúnios do governo e do PT são pautados por fatos, e seus algozes são as polícias, os procuradores, as CPIs mistas. A oposição tira proveito, o que é seu direito. E a imprensa noticia, o que é seu dever. Cabe ao grande júri dar o veredicto.