00:00:00

POR BAIXO DO TAPETE - Márcio Accioly

Romero Jucá está na obrigação de processar o jornal Folha de S. Paulo por conta de duas notinhas publicadas no caderno da Ilustrada, à página E 12, na quinta-feira (30). Ali é dito com todas as letras que foi o secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Joanilson Ferreira, quem mandou fechar a Rádio Roraima "para agradar ao senador".


O senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR), que falsificou documentos na JUCERR - Junta Comercial de Roraima, mas mesmo assim escapou da cassação de seu mandato no Senado, está na obrigação de processar o jornal Folha de S. Paulo por conta de duas notinhas publicadas no caderno da Ilustrada, à página E 12, na quinta-feira (30).

Ali é dito com todas as letras que foi o secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Joanilson Ferreira, quem mandou fechar a Rádio Roraima "para agradar ao senador".

É comentado, inclusive, que o secretário agiu à revelia, sem conhecimento do titular da pasta, Hélio Costa, pois iludido com possível articulação política por parte de Jucá Filho que iria colocá-lo (a Joanilson) no lugar de Hélio Costa, caso este saísse candidato a algum cargo eletivo.

Ora, vejam que notícia mais grave! Filho tem feito tudo ao alcance, para calar jornalistas e meios de comunicação que não lhe são favoráveis. Desde 1990, quando comecei a escrever sobre suas atividades em cargos públicos (denunciando ilicitudes cometidas), sofri inúmeros processos.

Recebi até mesmo uma condenação (obrigado a pagar indenização por "ofensa à honra"), ao ser julgado num processo sobre o qual não tomei conhecimento, nem fui citado, pois me encontrava fora de Roraima e do país. São inúmeros os profissionais de imprensa que Filho procura intimidar com tal expediente.

Vivemos num triste país, no qual os piores bandidos são aqueles detentores de mandatos eletivos. Muitas vezes, as pessoas se perguntam de uma maneira que expõe certo grau de ingenuidade: "-Quando iremos dar um basta a tudo isso? Quando iremos nos sentir orgulhosos dessa grande nação?" E a resposta é facílima.

As classes médias precisam se engajar na defesa de melhor educação para os seus descendentes. É fundamental que se promova limpeza ética indispensável, a partir do instante em que se comparece às urnas para a eleição de mandatários.

Não é possível que se continue concedendo mandatos eleitorais a qualquer um. A vida pública está cheia de assaltantes dos cofres públicos, pessoas sem critério ou responsabilidade, sem conhecimento administrativo ou crédito moral. Indivíduos que se interessam apenas pelo enriquecimento fácil.

Não custa nada repetir: os representantes que aí se encontram foram eleitos pela maioria. É certo que existe parcela substancial do eleitorado que não dispõe de juízo crítico, que vende seu voto por qualquer preço e não possui preocupação além daquela em que busca suprir necessidades imediatas do dia-a-dia.

Por isso, a necessidade de maior participação daqueles que têm mais acesso à informação e conseguem melhor discernimento. Ainda é possível a construção de um Brasil justo, onde as oportunidades sejam mais bem distribuídas. Afinal, estamos entre os mais bem contemplados do planeta, se não formos o mais rico em recursos naturais.

O problema é a indiferença que a muitos subjuga. São inúmeros os que preferem se acomodar e pensar que não adianta lutar, rendendo-se a circunstâncias. Tal hesitação permite que destituídos de princípio e fracos de caráter se agigantem e assumam controle absoluto.

Quando a gente percebe determinadas figuras querendo calar os meios de comunicação, ou exigindo segredo de justiça para processos comuns, fica bem claro o desejo desesperado de ocultar, subtraindo direito que pertence à sociedade,

Filho precisa processar a Folha. Para não confirmar suspeita de vocação fascista.

E-mail: [email protected]

Últimas Postagens

  • 29 de outubro de 2024
"Mulher não vota em mulher"
  • 24 de outubro de 2024
Agenda Secreta