- 29 de outubro de 2024
Edersen Lima, Editor
Brasília - Imagine, amigo leitor, um hospital público ser fechado porque nele há médicos que não votam num político. Imagine uma escola pública ser fechada porque nela há professores que não votam em determinado político. Imagine, agora, uma rádio pública ter toda a sua programação suspensa porque nela há radialistas que também não votam em certo político.
Guardadas as devidas proporções em que pesem os serviços e necessidades de saúde, educação, informação e lazer, proibir o funcionamento de qualquer instituição de utilidade pública por questões políticas-partidárias pessoais é uma violência. Uma violência não só contra a liberdade de expressão, da livre escolha de voto, mas com as pessoas, nesse caso, os ouvintes da rádio Roraima que teve a sua programação suspensa por pressão do senador Romero Jucá, irritado com as críticas e denúncias feitas por três radialistas.
Não é justo, e toda a sociedade não concorda que ouvintes da rádio Roraima sejam penalizados com a privação de informações e lazer que há mais de 40 anos são proporcionados à região. Moradores do interior que se comunicam através de suas ondas há décadas não têm culpa de que A, B e C se opõem à política de Romero Jucá. As diferenças partidárias são entre eles e não com o povo. O ouvinte nada tem a ver com isso. Aliás, Jucá deveria saber distinguir o joio do trigo nesse ponto.
A mordaça a toda a rádio Roraima só dá razão aos radialistas que criticavam e denunciavam o senador de perseguir quem não reza da sua cartilha, a calar na marra quem exerce a liberdade de expressão e a usar todo o seu prestígio no governo Lula contra seus desafetos macuxis. Pena não ter usado o mesmo prestígio para resolver a questão da Raposa/Serra do Sol e da transferência das terras.
Pior. O senador demonstra descontrole e despreparo em agir contra quem se opõe ao seu nome. É como numa batalha, soldados com fuzis atiram para todos os lados não se importando se entre os inimigos há crianças, mulheres e civis inocentes vítimas da guerra.
Todo o estado de Roraima sabe quem pressionou a Anatel e o Ministério das Comunicações para se fechar a rádio Roraima. Todo o estado sabe que assim como aconteceu com a Equatorial, com a TV Imperial e agora com a Roraima, pode acontecer com outros veículos que por ventura venham a criticar ou denunciar certas traquinagens. Todo o estado de Roraima está conhecendo quem é e do que é capaz o senador Romero Jucá, candidato que hoje fecha rádios e que amanhã poderá fechar outras coisas.