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O Senai e os jovens - Antônio Ermírio de Moraes

Desde o início do ano, ela vinha se preparando para competir em uma das mais belas realizações educacionais do Brasil, que é a Olimpíada do Conhecimento do Senai. Neste ano, as provas tiveram lugar em Recife, entre 6 e 14 de março. O sonho de Jalleiwle era conquistar uma medalha de ouro na sua profissão.


Nossa juventude está sendo vítima de muitas mazelas, tanto das que vêm de cima como das do dia-a-dia, no terreno do trabalho e da educação.
Mas há exemplos comoventes e que acendem em nós a chama da esperança. Um deles é o caso da menina Jalleiwle Luckwu da Silva. Com esse nome incomum, Jalleiwle é uma pernambucana de 17 anos que faz curso de alvenaria, o que, aliás, também é uma profissão incomum para as mulheres. Mas ela adora.
Já conhece muitos segredos dos materiais de construção e domina razoavelmente a leitura de plantas e projetos que guiam as obras. Jalleiwle estuda no Senai. Sua intenção é trabalhar nesse ramo, começando como pedreira para tornar-se, em pouco tempo, mestre-de-obras e, mais tarde, engenheira civil.
Desde o início do ano, ela vinha se preparando para competir em uma das mais belas realizações educacionais do Brasil, que é a Olimpíada do Conhecimento do Senai. Neste ano, as provas tiveram lugar em Recife, entre 6 e 14 de março.
O sonho de Jalleiwle era conquistar uma medalha de ouro na sua profissão. Durante o treinamento, porém, ela machucou um dos dedos da mão -o que mais precisava para realizar a prova.
Foi um duro golpe do destino. Mas ela não desistiu. Continuou treinando e compareceu para a competição na hora marcada. Sabia que esta seria longa (24 horas) e executada em alta velocidade e com grande rigor.
As dificuldades foram imediatas, pois a prova exigia uma grande destreza manual.
A dor se instalou logo nos primeiros minutos e foi aumentando a olhos vistos. Seus pais e amigos pediam para Jalleiwle desistir. Seu amor pela profissão, porém, era mais forte. Se parasse, sabia que iria amargar um sofrimento psicológico muito maior do que o sofrimento físico.
Jalleiwle continuou. Interrompeu a prova várias vezes para ser atendida no ambulatório. Mas, feito o curativo, voltava imediatamente para a competição. E assim foi até o último minuto.
É claro, Jalleiwle não conseguiu o ouro. Em contrapartida, a brasileirinha dourada obteve os mais calorosos aplausos de milhares de presentes, em especial de 504 colegas de competição. Foi uma cena comovente e, por que não dizer, um dos pontos mais altos da Olimpíada pelo que o gesto de Jalleiwle representou no terreno da garra e do amor ao trabalho.
A menina brilhou, assim como brilharam os adolescentes que conquistaram medalhas nas 48 profissões ali testadas, como caldeiraria, eletrônica, eletricidade, ferramentaria, instrumentação, mecânica, metrologia, mecatrônica, robótica, soldagem, confeitaria, design de moda e outras.
Parabéns, jovens brasileiros! Parabéns, instrutores! Parabéns, Senai! Vocês são a garantia de um Brasil melhor.

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