- 29 de outubro de 2024
E o Brasil virou terra de ninguém. A lei já não é para ser cumprida. Quem deveria dar o exemplo é quem primeiro leva tudo na valsa. No peito e na raça. À revelia de qualquer ordem institucional estabelecida. Pragmaticamente, os fins justificam os meios. Vale tudo. E ninguém diz nada.
A legislação eleitoral prevê que ainda não é hora de se fazer campanha. O não-cumprimento desse dispositivo legal deveria descambar na inelegibilidade. "Pero no mucho". Primeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Um homem público deve estar em campanha 24 horas por dia, 365 dias por ano". Dane-se a Lei.
Ontem, foi o outro candidato ao Planalto a rasgar a legislação sem que ninguém desse um pio de desaprovação. O governador de São Paulo estava tão à vontade no papel de candidato (não pré-candidato), que mais parecia viver os últimos dias da campanha - estamos, enfim, em outubro ou ainda em março?
Quem tem TV a cabo viu ainda na quarta-feira-feira/madrugada de quinta a deputada petista Ângela Guadagnin (SP) sambando no plenário da Câmara Federal. Festejava "um ato de justiça" acima de qualquer suspeita.
O deputado João Magno (PT/MG) havia acabado de ser absolvido no processo de cassação sugerido pela Comissão de Ética. Bem-feito. Quem mandou essa tal Comissão não investigar direito!
Magno declarou ter embolsado só R$ 420 mil do Valerioduto. Isso não quer dizer nada. Se pelo menos tivesse roubado um pote de margarina num supermercado... Aí sim, seria um crime imperdoável. A deputada tinha todo o direito de fazer a "dança da pizza". Justiça no Brasil é isso aí.
Apesar de ter explicado tudo direitinho, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, está agora sendo investigado. De acusador, passou a acusado. Quem mandou se meter em briga de "cachorro" grande.
Paulo Okamotto, por exemplo, não tem esse problema. Seu sigilo bancário não será quebrado. Quem assegura é o mais alto andar da Magistratura brasileira, o STF. Paulo Maluf e uma recla de corruptos continuam soltos.
O presidente do STJ, Edson Vidigal, é candidato ao governo do Maranhão, depois de tomar a bênção de Lula. Nelson Jobim, do STF, pode ser o vice de Lula. E muito mais.
Pelo visto, Brasília virou um grande bordel. Executivo, Legislativo e Judiciário no âmbito federal formam uma grande "zona". A vergonha corou e escafedeu-se. Moral agora só de cueca.