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EDITORIAL - Violência no trânsito, motivo de reflexão

Há cerca de dois anos uma pesquisa divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo mostrou a Capital roraimense como detentora do pior trânsito no País em termos proporcionais. De lá para cá o que mais se tem visto são agentes de trânsito do município, do Detran e soldados da Polícia Militar nas ruas, tudo ostensivamente. Mas nenhum resultado satisfatório. Os números da violência não despencam.


Há cerca de dois anos uma pesquisa divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo mostrou a Capital roraimense como detentora do pior trânsito no País em termos proporcionais. De lá para cá o que mais se tem visto são agentes de trânsito do município, do Detran e soldados da Polícia Militar nas ruas, tudo ostensivamente. Mas nenhum resultado satisfatório. Os números da violência não despencam.

Os esforços praticados pelo Poder Público têm-se mostrado insuficientes para enfrentar o problema. As mortes no asfalto continuam se sucedendo. Só nos primeiros 20 dias deste mês de março sete pessoas perderam a vida em 141 acidentes registrados. Estatisticamente, um morto a cada três dias. Dez por mês. 120 famílias alijadas de seus membros por ano. Números absurdos.

O assunto inspira profunda reflexão. Deve ser tratado de forma emergencial. Amplo debate, envolvendo a sociedade civil organizada, de preferência. Não se pode mais esperar apenas pelo Poder Público, vez que quem sofre na carne é a população.

Estabelecer as causas pode ser o fio da meada. Boa Vista é uma cidade de ruas amplas. Talvez, por confiar nisso, motoristas e motociclistas dirijam sem a atenção devida e os pedestres se arrisquem tão desnecessariamente.

Os problemas locais devem ser resolvidos com soluções domésticas. Não adianta investir em ações importadas somente porque deram certo em determinado estado. A filosofia de que se é bom para São Paulo é bom para Boa Vista já mostrou que não funciona.

Blitze também parece não ser a solução. Acontecem pelo menos duas vezes ao dia, em locais os mais diversos. Só nos dois primeiros meses deste ano foram apreendidos nada menos que 485 veículos. Nem por isso as ambulâncias do Resgate Urbano a Acidentes (RUA) do Corpo de Bombeiros Militar tiveram sossego. Dia ou noite.

A coercitividade é necessária, mas só até certo ponto. Não será na marra que se revolverá a questão, que é cultural. Ao invés das multas exacerbadas, que tal as campanhas educativas? Através do rádio, jornais, TV.

A educação para o trânsito funciona eficientemente com as crianças. Ninguém melhor que o filho menor a chamar a atenção do pai motorista para esse assunto, que é de gente grande. Por isso, é de bom alvitre intensificar as campanhas educativas nas escolas do ensino fundamental.

Faz-se necessário e urgente, também, o estabelecimento de audiências públicas para debater a questão, que beira a calamidade pública. Universidades, entidades privadas como emissoras de TV e rádio, autarquias entre outras, deveriam tomar a dianteira nesse processo, sob pena de aumentar a cada dia a produção de órfãos de pais e pais desfilhados. Quando não indivíduos inválidos parcial ou definitivamente.   

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