- 01 de novembro de 2024
O Exército retirou as tropas dos morros cariocas depois que encontrou o arsenal - dez fuzis FAL 762 e uma pistola calibre 45 - subtraído de um quartel do bairro de São Cristóvão. Na prática, a vitória não foi do serviço de inteligência fardado, que conseguiu pôr as mãos nas armas roubadas, mas sim dos traficantes, que agora voltam a ter o caminho livre para os negócios escusos.
Soldados postados nas entradas das favelas representavam prejuízo quase que total para o crime organizado. Os aviões ficaram na encolha. Durante o período de ocupação, favelas como Rocinha e Providência experimentaram queda nas vendas de drogas em cerca de 70%, conforme declarou a chefe do Setor de Investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes do Rio, Marina Maggessi.
O fato de ter recuperado as armas não põe fim a essa história escabrosa. Muita coisa ainda precisa ser esclarecida. Na melhor das hipóteses, os barões do tráfico, por questões óbvias, facilitaram o trabalho de busca dos homens fardados. Na pior, e parecer ser a mais provável, os militares fizeram um acordo com os traficantes.
A se confirmar a segunda assertiva, a Nação vai mesmo de mal a pior. Caminhando para a conflagração. Não se pode mais confiar no Legislativo, que se vendeu vergonhosamente aos encantos do vil metal nas mãos do PT. O mesmo ocorre com o Executivo que, ao que se sabe, foi o mentor intelectual de toda a bandalha. O Judiciário, quem diria, deixa rastros indeléveis de peleguismo deslavado em relação ao governo instituído. E, para completar, a tsulama engole uma instituição que se tinha como das mais sérias por ser comprometida com a soberania nacional.
O ato de retirada das tropas dos morros cariocas é tristemente emblemático. Com ele, o Governo Federal diz alto e bom som nada ter a ver com a guerrilha instalada na região. Engano kafkiano. O tráfico é crime federal. A proliferação de armas contrabandeadas, da mesma forma. Os dois principais ingredientes do terror que assola não só os morros cariocas, mas os bolsões de miséria que circundam os grandes centros.
Foi visível o alívio que o tráfico deu às comunidades enquanto sitiado pelas tropas. Daí, nada mais justo que sua permanência. Não é isso que as tropas brasileiras fazem no Haiti? E aqui insistimos que não só o Exército, mas também a Marinha e a Aeronáutica tomem para si o corpo-a-corpo no combate ao tráfico.
Por certo que o crime organizado não vai acabar, mas poderia ter seus efeitos amenizados com uma ação mais efetiva do Poder Público. Com as Forças Armadas na linha de frente, poderiam com maior facilidade ser implantadas ações sociais que as comunidades tanto se ressentem, tais como escolas, hospitais, postos de saúde, entre outros.
Dizem que no fim tudo dá certo. E parece que estamos chegando ao fim. É hora das coisas começarem a dar certo. Senão, será o apocalipse. E isso não interessa a ninguém.