- 01 de novembro de 2024
"...A treze do mês ele fez esperiência, perdeu sua crênça nas pedras de sal., Meu Deus, meu Deus.. Mas noutra esperança com gosto se agarra pensando na barra do alegre natal ..."(Roraima) (Patativa do Assaré - A Triste Partida)
A seca nordestina por todo o século XX fez muitas vítimas pelo Brasil afora. Muitos sobreviventes retirantes, correram para o sul e outros com mais fólego rumaram para o norte em busca do eldorado. Terras boas, borracha, diamante, ouro, gado etc..., tudo fascinou nordestinos a desbravarem à Amazônia em busca de um sonho.
Muitos subiram à foz do Rio Branco e se instalaram na extrema fronteira então pouco habitada por brasieliros. Além da cobiça pelo ouro e diamante e criação de gado, estes bandeirantes desenpenharam papel fundamental na defesa do país nas terras que hoje dizem pertencer tão somente a "indios" que outrora ali viveram. (segundo alguns antropólogos).
Da saga de Severino Pereira da Silva - Severino Mineiro - comparada com a cordelisada de Pativa do Assaré, um exemplar deste cenário fez presença no extremo norte roraimense (Vila do Socó), dele pouco vai restar a não ser seus descendentes e algumas fotos e histórias a serem contadas.
O mito do nordestino antes tido como pioneiro; tão forte! Tão bravo! Foi desmistificado por uma força que se esconde por trás da crênça, da religiosidade, da hospitalidade, do caráter e da benevolência de autoridades que viraram as costas para a questão. Uns por interesses outros por pura ignorância acabaram por ceifar a história dos últimos bandeirantes que se tem notícia.
A história da seca do nordeste versada por Patativa do Assaré e cantarolada por Luiz Gonzaga então se repete na versão Macuxi. Transformaram em fim, pioneiros e desbravadores em retirantes, desalojados, intrusos, criminosos, posseiros a serem condenados a deixarem suas casas, a perderem seu referencial de vida, sua dignidade.
A nova versão do retirante nordestino, protagonizada por seus descendentes amazônidas em Roraima não tem por motivo a falta de chuva, mas a falta de moral, de brasilidade de vergonha na cara de entregar um estado federativo nas mãos de estrangeiros; de dirigentes de ongs que pregam a mentira, a guerrilha, o apartheid caboclo e brincam de invasão e se auto-proclamam vítimas. Do lado de lá o mocinho, o inocente. Do outro lado o forasteiro, o condenado.
Pois é "..Setembro passou outubro e novembro já tamo em dezembro, meu Deus o que é de nós" (...). As esperânças se findam, a luz no fim do túnel quase não brilha mais e eles vão ter que ir embora, na marra, na força e alguns como Zé do Hangar (Vila Pereira), Lourenço Hats (Manga Braba), Zé Ribeiro (Conceição do Maú) e Joaquim Correia (Caracaranã), ainda resistem estorricados e retorcidos que nem um caimbé sonhando com justiça.
O novo retirante sofre de novo na pele o que seus tataravós sofreram e reclama seus filhos "...De pena e saudade papai seu que morro meu pobre cachorro quem dá de comer? Já outro pergunta mãezinha e meu gato? Com fome e sem trato, mimi vai morrer" (...).
O cerceamento do direito à cidadania de ir vir e o dolo a dignidade humana é igual ou pior do que a seca nordestina. A maleta vai ser um saco e o cadeado vai ser um nó quando tirarem as vestes, desnudarem da moral e despirem estes homens da decência em nome de um direito que conflita outro.
A RSS e outras tantas "reservas indígenas" espuriadas desenham por si só a nova versão do retirante. Flagelam em pleno século XXI homens (indios e não indios), mulheres e crianças que ficam orfãos da terra segados da história de uma vida dígna, cheia de esperança, de soberania, e principalmente de brasilidade. "...Faz pena o nortista, tão forte , tão bravo viver como escravo no norte e no sul" (...). Que as esperanças não se esgotem e que não chegue a hora da triste partida. . Bom dia!
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