- 01 de novembro de 2024
Todo santo dia aparece uma complicação a mais e o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), vê-se impedido de concluir seu relatório na CPI dos Bingos, conhecida como CPI do Fim do Mundo (porque nela tudo se investiga). O grande problema é que "tem corrupto de mais e investigadores de menos", como diria o matuto.
O ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado federal cassado por corrupção, Zé Dirceu (PT-SP), fez chegar às mãos do presidente da CPI dos Bingos, senador Delcídio Amaral (PT-MS), importante ofício.
No documento, sua ex-excelência solicita seja convocado a depor o ex-motorista do senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR), Roberto Jefferson Camoeiras Gracindo Marques, o Xuxa.
Como se recorda, Xuxa revelou numa gravação ter ido receber 50 mil reais do esquema do publicitário mineiro Marcos Valério (através do cheque 41.4270, emitido pela SMP&B), dinheiro que seria entregue, segundo confessou, ao senador Filho.
Dirceu quer ver esclarecida a questão, retirando seu nome pelo menos dessa falcatrua, pois lhe foi imputada a responsabilidade por tal saque bancário, já que um seu assessor e dileto amigo também se chama Roberto Marques. A guerra agora é pela paternidade do dinheiro. Mas não se deve colocar a mão no fogo por ninguém.
Zé Dirceu foi o principal articulador político da campanha presidencial de Dom Luiz Inácio (PT-SP), nosso amável beberrão, tendo sido guindado, na República do PT, à condição de manda-chuva e descarrega-raio, até ser apontado como chefe de quadrilha pelo ex-deputado federal (também cassado), Roberto Jefferson (PTB-RJ)
Num contundente depoimento à CPI dos Bingos, Roberto Jefferson detalhou negociatas acontecidas dentro da Casa Civil, terminando por mandar forte recado ao então ministro, diante das câmeras: "Zé, sai daí, Zé. Sai ligeirinho". E Zé saiu.
Antes desse recado, houve o escândalo do Waldomiro Diniz (braço direito de Zé Dirceu), com denúncias que envolviam meio mundo e tudo está por isso mesmo, já que Waldomiro circula livremente e cadeia no Brasil parece só ter sido feita para quem é pobre, de cor e não tem prestígio. A impunidade se institucionaliza.
Waldomiro circulava dentro do Congresso como porta-voz do então ministro da Casa Civil e a maioria dos parlamentares o tratava como "ministro". Quando ele falava, era como se fosse a voz do próprio Dirceu. Durante algum tempo, inclusive, dividiu apartamento em Brasília com sua ex-excelência que tentou negar ter intimidade.
Essa disputa pela paternidade do dinheiro do mensalão (50 mil), ainda irá rebimbar pelos meios de comunicação. Se Zé Dirceu tem seus problemas e dissabores, o mesmo se pode dizer do senador Jucá Filho, contra quem tramitam quatro pedidos de cassação na Comissão de Ética do Senado Federal.
No mais sério deles, Filho é apontado como falsário, por ter adulterado documentos que apresentou na JUCERR - Junta Comercial do Estado de Roraima -, quando da alteração contratual da empresa TV Caburaí Ltda.
Qualquer cidadã ou cidadão que quiser tomar conhecimento dos detalhes da bandalheira deve comparecer à JUCERR, preencher requerimento de praxe, pagar as taxas devidas e solicitar cópia do processo.
No ofício encaminhado à CPI, Dirceu deseja também a inquirição do advogado Joaquim Souto Maior Neto, o Netão e do empresário Renato Tadeu Pereira Torres (interlocutor do Xuxa na gravação). Foi solicitado, ainda, exame grafotécnico da assinatura do responsável pelo saque. Este é um imbróglio que muito promete.
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