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O caseiro e o motorista - ELIANE CANTANHÊDE

Quando o motorista Eriberto França detonou o esquema PC Farias, o PT automaticamente encampou a história, a CPI esquentou, Collor caiu. Tudo rápido e simples. Agora, quando surge o caseiro Francenildo Costa, o Nildo, detonando o esquema Buratti-Adermirson, o governo do PT automaticamente desmente a história, o PT entra com mandado no Supremo, a CPI não consegue ouvir a testemunha. E Palocci continua "inabalável", segundo Lula. Tudo lento e complexo.



BRASÍLIA - Quando o motorista Eriberto França detonou o esquema PC Farias, o PT automaticamente encampou a história, a CPI esquentou, Collor caiu. Tudo rápido e simples.
Agora, quando surge o caseiro Francenildo Costa, o Nildo, detonando o esquema Buratti-Adermirson, o governo do PT automaticamente desmente a história, o PT entra com mandado no Supremo, a CPI não consegue ouvir a testemunha. E Palocci continua "inabalável", segundo Lula. Tudo lento e complexo.
Como empregado da bela casa alugada em Brasília pela "república de Ribeirão Preto" (do "chefe" Palocci), Nildo ouvia e via muita coisa, sabia de reuniões ortodoxas e heterodoxas. Relata jogos, malas de dinheiro, as chegadas do ministro num Peugeot prata de vidro fumê e como ele pedia para apagar as luzes de fora para não ser visto -desmascarado?
Nildo sabia onde estava se metendo: "Eu não sou nada perto dele [Palocci]. Mas ele está mentindo". E sua versão tem início, meio, fim e credibilidade, seja ele um achado ou não da oposição. Contra fatos, não há argumentos. Tudo o que Palocci consegue dizer é que não dirige em Brasília! O PT tenta desqualificar o caseiro, e Lula diz que são "calúnias". Contra Collor, eram verdadeiras. Contra Palocci, são falsas.
O caseiro de Palocci, aliás, não está sozinho como estava o motorista de Collor. Ao contrário, integra uma fila de denunciantes: o caseiro, o motorista, o delegado da Polícia Federal e principalmente Rogério Buratti, o amigão do Palocci que foi preso, algemado e entregou a história da propina de R$ 50 mil mensais da Prefeitura de Ribeirão Preto.
Na balança do neo-PT, há dois pesos e duas medidas: todos eles, juntos, não valem um só Eriberto. Ele era puro, porque estava do "nosso lado"; Nildo, o motorista e o delegado são impuros, porque estão "contra nós".
A dúvida é: o que a militância petista, aquela imensa maioria que ainda mantém uma certa utopia, acha dos puros e dos impuros?

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