- 01 de novembro de 2024
A arte de informar, de manter a população inteirada do que ocorre no seu dia-a-dia é função primordial da imprensa. Nesse mister, não se pode exigir em todos os casos investigações profundas. O importante é que o fato noticiado seja verdadeiro. Apurar as nuances com que ocorreram ou ocorrem é função de outras esferas.
Afinal, imprensa não é Polícia, não é Ministério Público e muito menos Justiça para formalizar processo sobre os assuntos a ser divulgados. Não se deve, portanto, exigir que a imprensa dê o veredicto final dos casos que divulga.
Fosse assim, cairia por terra o objetivo maior de dar a notícia em primeira mão, de sair na frente com esse ou aquele assunto de interesse geral.
É claro que nesse afã de dar o "furo de reportagem", muitas vezes podem ocorrer exageros. Nada que não possa ser resolvido com a famosa "nota de esclarecimento" ou com um "direito de resposta", este último sabiamente preconizado na legislação pertinente, a dita Lei de Imprensa.
O que os órgãos de comunicação não podem e não devem fazer, isso sim, é ser açodados na divulgação de certos casos, que, sabidamente, podem trazer prejuízos incalculáveis tanto éticos como materiais para instituições ou pessoas físicas que passam a ser a vidraça da hora.
Isso tudo é motivo de exaustivas discussões em salas de aula dos cursos de Comunicação Social Brasil afora. Mesmo assim, não há garantia nenhuma de que os profissionais recém-formados ingressem no mercado de trabalho com o dever de casa feito.
Mesmo os mais conceituados e calejados próceres das redações não estão livres de se virem em saias justas. Atos desabonadores não escolhem cor, raça nem anos de experiência.
E o pior é que geralmente não têm o devido reparo, por mais mea-culpa que se faça. É a velha história de subir no alto da torre, despenar a galinha ao sabor do vento e depois tentar recuperar todas as penas. Improvável.
Exemplos de notícias propaladas na hora errada, apesar de verdadeiras, superam uma miríade. Antes de o Exército ocupar os morros do Rio de Janeiro, a Rede Globo anunciou em um de seus televisivos diários que o quartel tal estava em situação precária em termos de segurança.
Não deu outra. Os marginais foram lá, e levaram boa parte do armamento de quem deveria, por determinação constitucional, prestar segurança à Pátria. Errado ter feito a denúncia? Claro que não. O objetivo era chamar a atenção do Governo Federal para o descaso com as Forças Armadas. Denunciar a flagrante falta de recursos para esse segmento de vital importância para a soberania do País.
Mesmo correndo o risco de contribuir de forma indireta para casos nada recomendáveis desse gênero, bom saber que a imprensa ainda é o sustentáculo da democracia. Sem ela, os desmandos praticados por maus políticos passariam em brancas nuvens.
Ainda que o Congresso, usando de corporativismo espúrio, não puna seus membros que usaram o cargo para meter a mão no erário, ainda assim terá valido a tarefa sublime da imprensa em denunciar tais desmandos. Ao povo resta o mecanismo do voto para fazer justiça.
Há muito os jornalistas deixaram de ser meros informadores. Contadores da história presente. O papel da imprensa se ampliou. Bem informar e formar opinião se equivale a zelar pela segurança e tranqüilidade da sociedade. Os tropeços são ossos do ofício.